tag:blogger.com,1999:blog-87599141262679219192024-03-12T15:23:17.130-07:00Edu na MatrixContos, Poesias e CrônicasEduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.comBlogger35125tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-54390778489874764012016-02-17T17:11:00.001-08:002016-02-17T17:11:27.910-08:00FRESCORQuem não ri de si mesmo é apenas um palhaço triste.Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-65943774912679579592015-03-10T18:06:00.002-07:002019-02-18T06:38:31.778-08:00ESTRANHA PAIXÃO<br />
A mulher desceu do ônibus ali na Praça Mauá. Loira, jovem, cabelos lisos, olhos castanhos escuros e tudo mais que completa um mulher linda. Usava um vestido estampado, estilo verão carioca, bem leve para suportar o calor infernal de janeiro. Carregava uma bolsa preta e uma sacola branca. Parecia estar com pressa, pois atravessou a movimentada Avenida Presidente Vargas correndo. Seus passos, nervosos. Olhava para trás seguidamente. Parecia fugir de alguém. O relógio marcava 6 horas da tarde, hora de muito movimento na cidade. Atravessou no meio dos carros. Achou que dava para chegar ao outro lado da rua, mas não viu um táxi cortando pela direita. O choque foi inevitável e a mulher foi lançada longe. O tumulto foi imediato. Vários carros freiaram bruscamente. A mulher caiu uns 50 metros adiante. Curiosos fizeram seu inevitável cerco em volta, procurando ver a face do desconhecido. A beleza despedaçada agonizava sobre o asfalto efervescente quando um homem de uns 45 anos, calvo e de óculos, agachou-se e levantou a cabeça da vítima suavemente. Esta virou a cabeça para o lado e disse quase num sussurro:<br />
- A bolsa preta...a bolsa...<br />
- Chamem um ambulância!- gritou o homem em desespero.<br />
- Já morreu.- disse uma mulher gorda, que suava muito, olhando com indisfarçável prazer para o anjo caído.<br />
Logo, não se sabe de onde, surgiu o tradicional e macabro plástico preto e duas velas. Não sei dizer quem os trouxe. Nunca ninguém sabe.<br />
- Esperem!- gritou o homem- Não sabemos se ela morreu mesmo. Um médico! Tem algum médico por aqui?<br />
A multidão trocou olhares rápidos. Ninguém se pronunciou. A mulher gorda voltou a se pronunciar:<br />
- É melhor chamar logo o rabecão. Essa aí já cantou para subir. Recebeu alguns olhares de reprovação. Mas ninguém disse nada.<br />
De repente, do meio do tumulto, surgiu um homem todo vestido de branco. Afastou o sujeito que segurava a mulher com suavidade. Pegou-a pela cabeça e encostou sua boca na dela com avidez.<br />
- Está fazendo respiração boca a boca - Disse alguém.<br />
- Finalmente um médico!- disse o homem que a socorrera, aliviado.<br />
- Não sei pra quê...- grunhiu a mulher gorda, se abanando com o Jornal Meia-Hora.<br />
Só que o homem permaneceu com a boca grudada na da mulher por um longo tempo.<br />
A multidão começou a trocar olhares estranhos. <br />
<br />
Isso não parece respiração boca a boca – Disse um.<br />
E o homem lá, num louco e desesperado beijo. Um beijo que ia além de uma despedida tradicional. O mal-estar foi crescendo entre os presentes. <br />
- Que tipo de respiração é essa?- voltou a falar a gorda.<br />
O homem continuava lá, beijando apaixonadamente aquele corpo inerte, porém ainda quente. <br />
- Deve ser um método moderno - Disse outro<br />
Foi quando surgiu uma ambulância com aquela sirene plangente. Aquela música de duas notas que pode significar esperança ou desespero. Os médicos abriram caminho com a maca. Viram o homem naquele beijo desesperado.<br />
- O Sr. é médico? Ela tem pulsação? Ainda respira?<br />
O homem não respondeu. Continuou abraçando a mulher e beijando-a com toda paixão contida na infinita dor da perda. <br />
Os dois Paramédicos trocaram um olhar resignado e puxaram o homem pelas costas. Ele segurou a mulher com mais força.<br />
- Temos que ajudá-la, amigo. Solte-a por favor!<br />
Ele abraçou-a com mais força. Os médicos fizeram toda força e conseguiram arrancar a mulher dos braços do desesperado. As lágrimas escorriam pela sua face vermelha de paixão e angústia. O corpo da bonita mulher foi colocado na maca e dentro da ambulância. Foi aí que chegou outro homem rompendo a multidão em desespero. <br />
- Márcia! Minha mulher! Meu amor! Oh, não! Meu Deus!<br />
Os paramédicos olharam para ele de forma estranha.<br />
- Quem é o senhor?<br />
- Sou o noivo dela! Ela ainda está viva? Meu Deus! Digam-me se ela ainda respira!!<br />
O homem viu a bolsa preta no chão e sacola branca rasgada com um monte de envelopes espalhados pelo chão. <br />
- Olhem!! Estão aqui! Os convites do nosso casamento... Meu Deus! Me ajudem a juntá-los!<br />
Os médicos trocaram um olhar confuso e buscaram com os olhos o outro homem. Este já afastava-se lentamente da multidão. <br />
- Ela se foi...respondeu o paramédico, colocando as mãos no ombro do noivo.<br />
O homem sentou no chão e começou a chorar desesperado. Um choro sem freio. A multidão acompanhava a cena, perplexa. O homem que à tinha beijado com tanta intensidade se afastava. A mulher gorda, ainda se abanando com o Meia-Hora, foi com passos rápidos e curiosos na sua direção.<br />
- Ei!! Espere!! Por que você a beijou se o noivo dela é aquele senhor ali? O Senhor é o amante, né? Pode me contar!<br />
O homem voltou-se para ela com um olhar reflexivo, distante...A gorda queria matar sua curiosidade.<br />
- O senhor era um ex-namorado? Ex-marido? Responda! Exijo um explicação! <br />
O sujeito abriu um sorriso que iluminou seu rosto molhado e avermelhado.<br />
- Eu não a conhecia... - respondeu quase num sussurro.<br />
A mulher gorda arregalou os olhos, incrédula.<br />
- O quê? Então por quê? Por quê?<br />
Ele tinha um olhar distante, sonhador e perdido. Olhou para a mulher gorda com doçura.<br />
- Eu nunca havia beijado uma mulher bonita em toda a minha vida. Nem pagando.<br />
<br />
Respirou fundo, enxugou as lágrimas e abriu um estranho sorriso. Virou as costas para a multidão e seguiu seu caminho, com passo firme.<br />
A mulher gorda parou de se abanar e ficou ali estática, olhos arregalados. Apoiou-se num carro estacionado. Enquanto isso a ambulância partia com a sirene ligada e a multidão se dispersava. Logo os carros voltaram a cruzar a movimentada avenida.Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-32494816241097307102015-03-10T18:04:00.000-07:002015-03-10T18:04:01.796-07:00AMOR POR UM FIOAMOR POR UM FIO A mulher estava no terraço do edifício. Seu vestido de noiva estava rasgado e sujo. Seu rosto brilhava na noite estrelada com a maquiagem borrada pelas lágrimas e pelo suor. Era muito bonita na plenitude dos seus 27 anos. Agora estava ali, no terraço do edifício, semblante distorcido e os seios subindo e descendo com a respiração forte e ansiosa. Lá embaixo via o noivo, também suado e olhando para cima com a vergonha e o desespero saltando pelos olhos. Outros convidados do casamento iam chegando e se aglomerando na calçada em frente ao prédio. - Maria Paula!!!! - Gritou o noivo suplicante - Por quê? Por quê? A moça chegou até a beira do terraço, subiu no murinho e ficou ali, se equilibrando. O edifício tinha apenas 4 andares, porém cair dali com certeza poderia ser pior do que cair das nuvens. - Por quê?? Não sei Marcelo! Só sei que não posso me casar! Não posso! Marcelo chutou o meio fio indignado - E só agora me diz isso? Você teve 6 anos para pensar! Merda! Isso não está acontecendo! Marcelo andava de um lado para o outro raivoso, incrédulo...Os convidados ficaram cochichando no lado oposto da rua. O pai de Maria Paula, quando viu a cena, caiu com as mãos no peito e foi levado para o hospital. Sua mãe chorava com um lencinho estampado sobre o rosto, amparada pelo filho caçula. - Exijo uma explicação! De repente, vem uma voz do prédio da frente. - Maria Paula, não faça nenhuma besteira!! Esta olhou para o homem que surgiu na sacada do prédio da frente. - Quem é você??? - Sou o Maurício!! O cara que você conheceu no Whatsapp!! A mulher arregalou os olhos. - Maurício!!! Eu...Não vou casar! Por sua causa! O noivo lá embaixo ouvia tudo perplexo. Deu um chute no carro estacionado em frente ao prédio da sua noiva. - O quê?? Que porra é essa? Você vai me trocar por um nerd da Internet? Maria Paula olhou para baixo. - Nerd? Ele é um gato! Pelo menos pela foto... Disse, tentando ver melhor o homem no outro prédio. - Eu te amo, Maria Paula!! Desde a primeira vez que vi você no Whats.. - Viu como? - falou o noivo totalmente indignado e incrédulo - Você mandou foto sua para esse sujeito, Maria Paula? - É a foto do perfil, Marcelo! Aquela que tiramos em Abrolhos. - Maldição!! Aquela de biquíni branco? - Exatamente! - Merda! Só pode ser sacanagem! Quer me dizer que nunca viu esse cara ao vivo antes??? - Não é bem assim...Ele me mandou a foto do whatsapp! - Foto? E daí? E se for a foto de outro? Você deu seu Facebook pra ele?<br />
Ele só tem fotos de bichinhos maltratados no Face dele. Não gosta de se expor, né, Maurício? Maria Paula olhou fixamente para o prédio da frente. Tudo que via era a silhueta de um homem. - Era você mesmo naquela foto, né Maurício? - Claro! Você acha que eu mandaria uma de outro cara? Fez-se um infinito segundo de silêncio. O noivo continuava andando de um lado para outro em desespero. Maurício equilibrava-se na beirinha da cobertura do edifício. Cerca de 10 metros separavam um prédio do outro. Maria Paula continuava em cima do murinho do outro, com uma aparente intenção de se jogar. - Maria Paula! Deixa dessa loucura e vamos para a igreja! Nunca se abandona um marido no altar! Isso já saiu de moda! Maria Paula ficou em silêncio. Seu rosto retratava fielmente a dúvida. - Não vá, Maria Paula! Lembre-se das madrugadas que ficamos conversando pelo WhatsApp! Dos poemas que fiz para você! - O quê? Você recebia poemas deste sujeito?? Aposto que é tudo copiado de outros autores! É fácil te enganar, Maria Paula..Você nunca leu nada! - Mentira!! Eu leio revistas e jornais! O noivo balançou a cabeça em sinal de desalento. - É verdade...Revistas de fofocas e colunas sociais de jornais sensacionalistas. - Mentira! Maurício! Não acredite nele! - Claro que não, meu amor! Você é mais que um amor virtual! É uma realidade linda! Maria Paula nada disse. Tentava ver melhor o homem que gritava do prédio em frente. De vez em quando olhava para baixo e via seu noivo andando de um lado para o outro, chutando carros e meio-fio. Os convidados acompanhavam a tudo com semblantes curiosos e almas vibrantes. - Maria Paula! Chega desta porra! Eu vou subir!! - Se você entrar neste prédio eu pulo! O noivo interrompeu o movimento bruscamente. Passou as mãos sobre a cabeça. Parecia não acreditar no que acontecia. - Isso não pode ser real!!! - gritou passando as mãos sobre o rosto. O homem do prédio da frente falou com desdém: - E não é mesmo! É um amor virtual transcendental! Você não sabe o que é passar horas diante de uma tela se dedicando apenas a uma pessoa. O mundo é só você e ela. Não existe perigo! Tudo pode ser dito com sinceridade e.<br />
- Cala a boca, nerd! Deixa eu falar com a minha noiva! - Para de chamar ele de nerd!! O Maurício é um cara muito culto! O noivo sorriu com toda ironia possível. - É mesmo? Já soube de muita gente que entra nestes aplicativos de namoro com vários livros na mão. Tudo cópia! A Internet é um teatro de atores ocultos. Maria Paula ficou pensativa. - Você não copiou nada não , né Maurício? - Que isso, meu amor?! Pode ver no Google! Eu estudei em Paris; Falo 4 línguas; fui campeão de natação em Los Angeles; malho muito... - Queria te ver mais de perto Maurício. O noivo chutou de novo o carro. - Você acredita nessa merda toda? A Internet é uma ilusão meu amor! Eu sou a realidade! - Pois é...Eu não sei se quero viver essa sua realidade de bebida, mentiras, mau humor, traição...Ou você acha que eu esqueci da sua professora de Mandarim? O noivo empalideceu, mas logo se recuperou. - Aquilo foi um deslize, amor...Você disse que tinha me perdoado, não disse? - Disse! - Então? - Então não sei...Perdoei, mas continuo desconfiando. Não nasceu ainda um homem fiel. - Eu sou fiel! Só entrava no WhatsApp para falar com você! Nunca te traí conversando com outra mulher.- Gritou Maurício. - Porra, Maria Paula! Deixa esse nerd pra lá e vamos para a igreja! Ou você vai casar dentro de um computador? - Suas ironias não podem impedir o nosso amor! Maria Paula me ama! Ela escreveu isso várias vezes enquanto conversávamos no Whats. - Cala a boca, seu nerd miserável! Desce aqui se você for homem! - Não vou brigar com você! Aposto que é um maldito Hacker! - Hacker? Acha que eu perco tempo em aplicativos de bate-papo? Tenho mais o que fazer! - É...encher a cara e trair sua mulher com a professora de Mandarim... - Isso não vai mais acontecer! Eu te juro Maria Paula! Maria Paula escutava a tudo apertando as mãos contra suas feições inseguras. As lágrimas caíam pelo seu rosto e se estatelavam na calçada fria da rua. - Maurício! Daqui não dá pra te ver direito! -Gritou para diminuir a angústia. Maurício olhou em volta e encontrou uma solução. Havia um fio relativamente grosso que ligava um prédio ao outro. - O fio! Vou até aí pelo fio! - Oh! Você arriscaria a vida por mim? Viu? - disse olhando para baixo- Você é meu noivo há 6 anos e nunca fez iss Marcelo! - Deixa de ser patética, Maria Paula! Esse cara quer fazer é charme! Ele não vai ter coragem! Não vai ter! Vai atravessar como? Fazendo um download? Hahaha<br />
Maurício olhou para o fio pensativo. Realmente era um risco atravessá-lo. Mas não podia voltar atrás. - Eu vou, Maria Paula! Juro que vou! - Então vem, meu amor! Vem! - Essa eu quero ver! Esse cara vai se esborrachar aqui em baixo! Eu é que não vou socorrê-lo... - Viu como você é insensível, Marcelo? É por isso que eu não quero mais casar! - Insensível? E você é o quê? Me deixar esperando na igreja! Isso é uma sacanagem! Nunca mais poderei olhar para a cara dos meus amigos! - disse olhando para os convidados- Todo mundo vai dizer: " Lá vai o otário que foi abandonado no altar" e as mulheres vão dizer: "Tadinho, tão bonzinho". Eu não quero ser bonzinho, entendeu? Seria a minha ruína! Todo corno é bonzinho! - Tá vendo? Só pensa nesse seu orgulho de macho! Nunca se preocupou com o que eu estava sentindo! - A culpa é sua! Você ficava horas e horas com esse celular na mãos e esquecia do mundo!! Merda! Maldito Whatsapp! - Eu preciso dele para fazer contatos profissionais - É...Agora sei que tipo de contato você fazia... Traidora! - Olha quem fala! A professora de mandarim…. - Merda! - Maria Paula - interrompeu Maurício - Eu vou até aí! Deixa esse insensível pra lá! Os convidados já estavam acomodados encostados em carros; sentados no meio-fio...Ninguém falava nada. O máximo que se escutava eram murmúrios baixinhos e indecifráveis. Um vendedor de biscoitos tentava lucrar alguma coisa vendendo para os convidados. Maria Paula olhou para o outro prédio e viu a silhueta de Maurício. Sua curiosidade feminina estava a ponto de explodir. - Vem logo Maurício! Você consegue! Maurício começou a travessia. Segurou o cabo com as duas mãos e foi indo devagarinho. Todos os convidados prenderam a respiração. O noivo olhou atentamente para o internauta e começou a rir escandalosamente. - O cabo vai partir!! Ele é uma bola de gordo!! Hahahahaha!!!! Maria Paula ficou aflita. - Não é gordo nada! Não é , Maurício? - Puf! Puf! - foi tudo que este conseguiu dizer. - Maria Paula, tem certeza que este cara te mandou uma foto? Você já teve melhor gosto, querida....hahahahahaha - Cala a boca! Ele vai conseguir... Maurício estava já no meio do trajeto. - Espere! - Maria Paula estava pálida- Maurício, não me disse que era loiro? Na foto você está loiro! - Puf! Puf! São...as luzes...Puf!...Enganosas da ...Puf!...Noite! - Viu? - falou um noivo triunfante - Aposto que a foto não era dele! _ Puf! Puf! Estou chegando... Susana forçou a vista embaçada pelas lágrimas e ficou mais branca que o seu vestido. -Maurício! Você estava com o corpo definido na foto! Agora estou te achando tão...Tão volumoso... - Puf! Puf! É a roupa...Puf! Puf!...Meu amor! -Hummm.... -Hahahahahahah!!! O cara é uma bola! Viu Maria Paula? Desce logo e vamos para a igreja! Para de palhaçada! - Não ! Não vou! - Maria Paula parecia ainda mais insegura, com os olhos fixos em Maurício. - Maurício! Você estava mais alto na foto!… -Puf! Puf! Estava...Puf! Puf!...De salto...Alto... - O quê?????? Maurício estava quase chegando. Maria Paula olhou com bastante atenção e quase caiu. - Não acredito! Não pode ser! Não ! Não! Você é uma mulher!! Acho... - Hein??? - surpreendeu-se o noivo lá de baixo - Que porra é essa? - Puf! Puf! E...o que tem...Puf! Puf! Demais? Puf! Puf! O amor é...Puf!... Amplo, independe....puf! Puf! De sexo! - Nãoooooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!! Maria Paula berrou e balançou o fio com força. Maurício despencou com um gemido e estatelou-se na calçada. Todos correram para vê-lo de perto. Era mesmo uma mulher. Agonizava no chão. O noivo aproximou-se perplexo. Olhou para ele e logo voltou seu olhar para Maria Paula enquanto os outros socorriam a vítima. - Calma, meu amor!!! Eu te perdôo! Eu te amo! Eu vou até aí! Maria Paula nada disse. Parecia em estado de choque. Parada, ali na beira do murinho, quase pulando. - Chamem uma ambulância! - gritou alguém Vários celulares entraram em ação ao mesmo tempo. Quando o noivo chegou ao murinho, suas feições se transformaram. Maria Paula estava agora no fio, passando para o outro prédio. - Amor! Volte aqui! A noiva não lhe deu ouvidos. Continuou com as mãos agarradas no fio movimentando-se para o outro prédio. Marcelo não esperou um segundo. Pendurou-se no fio e foi rapidamente até a sua noiva. Alcançou-a no meio do caminho. - Amor! Cuidado! Estou aqui para te ajudar, meu amor! Maria Paula tomou um susto. Tentou olhar para trás. - Me deixe, Marcelo! Eu não mereço o seu amor! Vá amar a sua professora de mandarim! - Esqueça isso agora. Temos que sair daqui. Além disso... Não conseguiu terminar a frase. O fio partiu-se e os dois caíram abraçados no chão. - Meu Deus! Gritou um convidado levando as mãos ao rosto. Porém eles deram mais sorte que Maurício, pois caíram em pé. Sorte relativa. Marcelo sofreu fratura exposta numa das pernas e Susana nos dois braços. Logo chegaram 4 ambulâncias. Uma levou Maurício, que estava muito mal. Uma outra, bastante luxuosa e equipada, tinha espaço para dois e colocaram os noivos nela. Ambos gemiam de dor. Quando estavam lá dentro deitados nas macas, Marcelo conseguiu olhar para o lado, preocupado com Maria Paula - Não se preocupe amigo - disse um Médico - Ela ficará bem. Dispomos de computadores de última geração aqui e no hospital. Ela só não poderá usar as mãos por um bom tempo... - Ótimo! - Como ótimo??? - Ela não vai poder digitar no celular? O Médico franziu o senho. - Por um bom tempo, não…Por quê? - Por nada! Hahahahaha!!! Por nada!!! Hahahaha - Não está sentindo dor, senhor? – perguntou o médico - Estou! Tá doendo pra cacete!! Hahahahahahahah..... Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-14166444200025710342015-03-10T18:03:00.000-07:002015-03-10T18:03:05.680-07:00A PRAIAA Praia estava bem cheia naquela ensolarada manhã de domingo. O mar calmo e com várias tonalidades de verde e azul num colorido indescritível. Havia pouco espaço para se colocar barraca ou mesmo uma simples toalha. Marina deu um jeito e procurou seu espaço entre cadeiras e piscininhas infantis. Gostava de ir à praia sozinha e vestir sempre um biquíni diferente. Trazia uma bolsa de palha com listas vermelhas e amarelas. Pediu licença e estendeu sua canga onde deu. Usava óculos escuros daqueles impenetráveis. Daqueles que arrefecem raios solares e ocultam verdades reveladas pelo olhar. Passou protetor solar. Tinha a pele branca e os cabelos morenos e lisos até a cintura. Seu nariz era arrebitado e seu corpo inimaginável até para Tom e Vinicius. Uma daquelas mulheres que a areia se transforma num palco quando caminha em direção ao mar. Que os olhares ávidos dos homens desnudam e aquecem e secam e outra coisa por aí. Mas naquele momento Marina estava mais preocupada com seu bronzeado. Deitou de frente para o sol e ficou parada como estátua de deusa esperando o retoque final de Apolo. Mas para surpresa até dos vendedores de mate e biscoito Globo, resolveu tirar a parte de cima do biquíni. Se a sua chegada já havia causado um impacto profundo, maior foi quando aqueles seios perfeitos explodiram livres sob o sol de Ipanema. Primeiro fez-se um silêncio daqueles que só o quebrar das ondas e os gritos das crianças brincando indiferentes rompia. Depois um murmurinho abafado e envergonhado de alguns adultos. Foi como se a praia inteira congelasse por 1 segundo. Até que uma senhora de cabelos grisalhos que estava sentada numa cadeira embaixo de uma barraca gritou:<br />
- O que é isso?? - havia na sua voz uma mistura de indignação e espanto.<br />
Várias pessoas olharam para ela. Muitas esperando uma deixa para exporem seus comentários. <br />
- Que pouca vergonha!!! É por isso que esse país está assim... - disse outra mulher raivosa acendendo um cigarro com as mãos trêmulas.<br />
Marina continuou ali deitada, perdida em seus devaneios.<br />
- Olha mãe!! Parece até com aquela que eu vi num site na casa do Jorginho! - Entregou-se um garoto dos seus 13 anos.<br />
- O quê??? - disse a mãe indignada. - Vou falar com seu pai, Gabriel!<br />
Esperto, Gabriel levantou-se e correu para a água.<br />
Que coisa mais anos 80!! – Continuou outra mulher até bem bonita.<br />
Logo a confusão foi crescendo. Marina continuava desligada, escutando música com fones de ouvido no seu celular. Foi quando um senhor se aproximou e disse:<br />
Minha filha, eu não tenho nada contra, mas tem um monte de gente reclamando do que você está fazendo.<br />
Marina olhou em volta e viu os olhares de reprovação. Sorriu para o senhor.<br />
Mas eu não estou incomodando ninguém. Estou aqui, quietinha no meu lugar. E o que tem mostrar os seios? A gente vê isso todo dia. Até parece...<br />
O senhor suspirou e deu de ombros. Pegou uma latinha de cerveja e voltou para a sua barraca. A mulher até certo ponto bonita voltou a falar.<br />
É por isso que o Brasil está assim...Uma pouca vergonha! Se já não bastassem as bundas na TV e na Internet!<br />
É...Um abuso contra as famílias.- disse a senhora de cabelos grisalhos, mais raivosa ainda.<br />
Chamem o salva-vidas! Ele tem que fazer alguma coisa!<br />
Logo o salva-vidas apareceu. Depois de explicada a situação, o homem aproximou-se da moça e disse:<br />
Olha só... todos estão pedindo para você colocar a parte de cima do biquíni. É atentado ao pudor.<br />
Foi aí que várias pessoas se aproximaram e fizeram um cerco em torno da moça. Daqueles que se fazem quando alguém é atropelado e que cresce rapidamente, pois a desgraça alheia é mais emocionante que um filme de Tarantino. <br />
Atentado ao pudor?Eu não vou colocar não. Quem estiver incomodado, que não olhe. - Alguns rapazes aplaudiram. Mas a maioria desejava no mínimo um linchamento. E o que ninguém percebia era que o mar estava agora com grandes ondas, daquelas que aparecem de repente, logo depois que o temido vento sudoeste chega na Cidade Maravilhosa. Um jovem foi surpreendido pela mudança repentina do mar e se debatia em desespero no meio da espuma branca. Mas as atenções estavam todas voltadas para a morena e seus seios esculturais. A discussão pegava fogo enquanto o garoto bebia muita água. <br />
Olhem! - Finalmente alguém gritou - Tem um menino se afogando!<br />
Rapidamente o salva-vidas saiu com dificuldades da multidão e correu para o mar. Uma mulher começou a gritar:<br />
Gabriel! É meu filho Gabriel! Alguém faça alguma coisa!<br />
Calma – O salva-vidas está colocando os pés de pato...Disse outra<br />
Meu filho!<br />
Aquele foi como um grito de despedida. O menino havia desaparecido entre as enormes ondas. Um surfista tentou procura-lo, mas nada achou. A espuma branca do quebrar das ondas parecia um sorriso cínico do mar. <br />
Três salva-vidas mergulharam várias vezes entre as ondas. Um helicóptero do Corpo de Bombeiros quase tocava as ondas.Tudo em vão. O menino desaparecera. <br />
_- Meu filho! Alguém me ajude!!!<br />
Todos olhavam para ela com um profundo pesar. A mulher caiu em prantos. O helicóptero da polícia sobrevoava o local e alguns mergulhadores pularam na água. Após várias tentativas, um deles emergiu com o garoto nos braços.<br />
Meu filho! Meu filho! – Gritava a mulher desesperada.<br />
A rede do helicóptero foi jogada e trouxe o mergulhador e o menino até a praia. A mãe e várias outras pessoas aproximaram-se rapidamente. Foi tentada a respiração boca-a-boca. Mas o garoto não respondeu a nenhum estímulo. Logo uma multidão cercaram aquele jovem corpo inerte. Como se todos quisessem conhecer de perto a face da morte. Mas tudo que viam era um menino desfigurado e uma mãe desesperada. <br />
Vamos leva-lo ao hospital – disse o salva-vidas. <br />
O mergulhador balançou a cabeça e disse:<br />
- Está morto. Sinto muito, senhora...<br />
A mulher desmaiou. Fez-se um silêncio tibetano. Enquanto isso, Marina pegava todas as suas coisas e saía com passos lentos na direção do calçadão. No rosto deslizavam lágrimas que pingavam sobre os seus seios agora cobertos pelo biquíni rosa.<br />
Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-25475398589009702222015-03-10T18:00:00.003-07:002015-03-10T18:00:56.260-07:00VESTIDO NEGRO<br />
<br />
<br />
A mulher olhou para o corretor e sorriu antes de dizer:<br />
Adorei! Adorei!<br />
De fato, o apartamento não era de se jogar fora. Tinha 2 quartos e uma sala espaçosa com uma varanda pequena. O corretor sorria plasticamente. Um sorriso já desgastado, porém com toda sinceridade que produz a necessidade.<br />
Hummm….Não sei não… - murmurou o homem que estava com a mulher e que na verdade, parecia ser o seu marido. Um cara alto, moreno, usava um par de óculos que lhe dava um ar de executivo sério. Daqueles que andam pelas ruas da cidade com suas pastas 007 e ar introspectivo. Que falam nos seus celulares com a autoridade de quem está decidindo o futuro da humanidade.<br />
Mas do que você não gostou, amor? – A mulher parecia decepcionada.<br />
O homem adquiriu uma expressão patética. Virou-se para o corretor e disse:<br />
- Não sei! Não sei! Há algo errado aqui. Ainda não sei o que é, mas há.<br />
Os outros olharam para ele pensativos. Olhavam em volta procurando algo. Tentando descobrir o que havia de tão errado com aquele apartamento vazio, porém muito bem cuidado.<br />
Preciso de algum tempo para descobrir. – vira-se para o corretor e diz:<br />
O senhor podia nos deixar um instante a sós? Quem sabe assim não nos decidimos mais rápido?<br />
O homem suspirou mas manteve o sorriso de plástico. Pigarreou.<br />
Claro! Claro! Fiquem à vontade. Vou lá dar uma descida pra pegar um ar e já volto.<br />
Saiu. O casal trocou um olhar e depois levaram as mãos `a boca e caíram na maior gargalhada. Logo a mulher fez um gesto para o homem parar de rir e disse: <br />
Vamos pro quarto? Não tem cama mas isso não é problema, não é?<br />
O homem já estava tirando a calça e falou com uma voz pastosa:<br />
Claro que não. Estou morrendo de tesão.<br />
Meia hora depois os dois ouvem um barulho de chaves e a porta da frente se abrindo. Rapidamente vestiram suas roupas. Quando o corretor chegou na porta do quarto, o homem acabava de abotoar a camisa. Antes que o corretor pudesse falar qualquer coisa, o homem se adiantou:<br />
Muito quente.<br />
O corretor ficou meio surpreso e perguntou:<br />
- Como??<br />
O homem suspirou olhando em volta com uma expressão desolada.<br />
Esse apartamento. Faz muito calor aqui. Estou suando e, confesso, tive vontade de tirar a roupa.<br />
O corretor ficou meio constrangido. Pigarreou.<br />
Bem…Um ar condicionado pode resolver o problema. Mas aqui no Alto da Boa Vista faz frio a noite.<br />
Hummmm….Minha mulher é alérgica. Não pode ficar nem um minuto com esse negócio ligado.<br />
A mulher deu um saltinho entusiasmado.<br />
É verdade, seu Adamastor. O ar condicionado me faz espirrar sem parar. Fico em pânico. Cê nem imagina…<br />
O corretor suspirou.<br />
Bem…A oferta é boa. Pensem nas vantagens.<br />
Vamos pensar…Vamos pensar. <br />
Deu um salto e já estava abrindo a porta.<br />
Qualquer coisa, entramos em contato com o sr., ok?<br />
Desceram pelo elevador `as gargalhadas.<br />
<br />
SEGUNDA PARTE.<br />
<br />
Depois dessa, Carlos e Heloísa fizeram o mesmo em muitas vezes. Transaram em quase todos os apartamentos que estavam anunciados nos classificados dos jornais. E não importava o bairro: Copacabana,Barra, Tijuca, Ipanema, Vila da Penha,Santa Cruz… Num intervalo entre um golpe e outro, Carlos foi se encontrar com uns amigos do trabalho num pé-sujo do Centro onde contou sua ideia genial:<br />
<br />
Não tem erro. Pensem na economia que eu fiz de motel? Rá! Sou um gênio! – falava enquanto bebia um chope gelado.<br />
Mas ninguém desconfiou? – perguntou um amigo, num espanto patético.<br />
Ninguém . Os caras querem tanto vender ou alugar que se esquecem de pensar– Cabou-se Carlos – É claro que não é para qualquer um. É preciso talento. E isso, meus caros, eu tenho de sobra! Só os cínicos conseguem representar com perfeição a sinceridade. Um brinde a isso!!<br />
Levantou o copo brindou com todos os outros.<br />
<br />
TERCEIRA PARTE<br />
<br />
Vamos Heloísa! Esse apartamento da Vieira Souto é es-pe-ta-cu-lar!<br />
Disse Carlos, animado e impaciente, andando de um lado para o outro. Estavam na Visconde de Pirajá, esquina com Vinícius de Moraes. A mulher olhava deslumbrada para uma vitrine de uma loja de grife.<br />
Espera, Carlos…Olha aquele vestido preto. Eu preciso daquele vestido. Necessito dele como do ar que respiro!<br />
Mais um vestido, Heloísa? Não acredito!<br />
Como mais um??? Esse é O vestido!<br />
Carlos suspirou enquanto olhava em volta, como se alguém fosse aparecer. Na verdade, estava um pouco nervoso. O apartamento que eles iam “correr” dessa vez não era como os outros. Uma verdadeira mansão de 8 quartos e 3 salas de frente para a praia de Ipanema. Além disso, a proprietária era uma socialite famosa. A mesma havia perdido o marido, o encanto pela vida e pelo deslumbrante imóvel. Mas gostava tanto daquele apartamento que resolvera vendê-lo pessoalmente. Não aceitava corretor nenhum. Dizia que só ela saberia dar o valor que a história do lugar merecia. Carlos voltou a falar:<br />
Vamos Heloísa! Prometo que compro um desses pra você quando voltarmos.<br />
A mulher cruzou os braços. Fez cara de triste e falou ansiosa:<br />
Só vou nesse apartamento com aquele vestido! Preciso dele! Ou você acha que com essas roupas que estou usando vou convencer alguém que tenho dinheiro para comprar uma mansão? Acha?<br />
Carlos coçou a cabeça e o peito ao mesmo tempo. Parecia estar sofrendo de uma alergia súbita e fatal. <br />
Está bem! Compra o vestido. Mas vai rápido. <br />
Heloísa entrou esfuziante na loja e 10 minutos depois saía com o deslumbrante vestido preto colado ao seu corpo escultural. Carlos assobiou e ela deu uma voltinha sobre si mesma radiante. <br />
Gostou? – disse com as mãos na cintura e um olhar provocante.<br />
Você está muito gostosa com esse vestido, Helô. Acho que.<br />
A mulher aproximou-se rindo e disse ao pé-do-ouvido do rapaz:<br />
Aguenta só mais um pouquinho, amorzinho.<br />
<br />
<br />
Quarta Parte<br />
<br />
O apartamento era realmente espetacular. A viúva estava na porta para recebê-los com um sorriso pálido.<br />
Boa tarde, senhores. Por aqui, por favor.<br />
Heloísa e Carlos sorriam meio nervosos, mas como já eram experientes no assunto, começaram a representar seus respectivos papéis com um talento de Fernanda Montenegro. A viúva tinha cerca de 50 anos, no máximo, e conservava uma beleza de menina. Seus olhos emanavam um azul sereno. Sua boca carnuda e seus cabelos negros lisos e longos completavam sua beleza triste e sublime. Tudo que é belo carrega a melancolia de um dia morrer.<br />
Vocês foram recomendados pela Carmita de Castro Souza Lima Barbosa Sobrinho? – Perguntou a viúva.<br />
O casal trocou um olhar irônico. Mais uma vez aquela alergia súbita e fatal atacou Carlos. Mesmo assim ele conseguiu dizer entre um pigarro e outro:<br />
Isso! A Carmita…Uma mulher esplêndida.<br />
Sem dúvida! Sem dúvida! Bem…- suspirou a viúva- Vamos começar pelas salas?<br />
Pelas salas? – Falou Heloísa que olhava distraída para os móveis franceses e para tudo que não estava acostumada a ver. Mas o que mais lhe chamava a atenção eram aqueles quadros de Portinari. Para Heloísa era uma contradição ver aquelas figuras de miseráveis em movimento no meio de tão farta riqueza. <br />
Os ricos acham lindo a miséria…dos outros! – Disse sem perceber.<br />
O que foi que você disse? – Perguntou a viúva<br />
Nada…Nada. Estava pensando alto.<br />
Bem…Venham por aqui. Esta é a sala de jantar. Essa mesa pertenceu ao meu bisavô. Ele era holandês e veio para o Brasil no fim do século XIX. A prataria pertenceu ao Rei Eduardo III. <br />
Muito interessante! Muito interessante! – Falou Carlos com um deslumbramento crescente.<br />
De repente o mordomo entra na sala com o telefone nas mãos.<br />
Com licença. Telefone para a senhora. <br />
Quem é, Aderbal?<br />
É o embaixador Coimbra, senhora.<br />
Com licença, senhores. Vou atender e já volto.<br />
A viúva saiu da sala. Carlos e Heloísa trocaram um olhar e começaram a rir. <br />
<br />
Que luxo! Isso aqui é um castelo, garota! Aposto que nenhum dos nossos amigos transou num desses.<br />
Com certeza, amor! Com certeza! Espera só a Bia saber dessa!<br />
É verdade…Hehehhehehehe!<br />
Como alguém pode ter tanto dinheiro assim, hein Carlos?<br />
Herança, meu amor…Herança. Ela herdou uma grana preta do pai. Sabe quem era o pai dela? Aquele juiz que roubou milhões do INSS.<br />
Ué? Mas se descobriram que ele roubou, como ela conseguiu ficar com a grana?<br />
Carlos suspirou balançando a cabeça com um sorriso de desdém.<br />
Não seja inocente, Helô. Você não sabe que no Brasil dinheiro herdado, mesmo que roubado, é perdoado?<br />
Heloísa concordou com a cabeça sem nada dizer. Mexia num quadro de Portinari. Estava fascinada com a miséria decorando a riqueza.<br />
Só uma coisa me intriga, Carlos…- Falou, pensativa.<br />
O que é?<br />
Como vamos transar aqui?<br />
Deixa comigo. Sou ou não sou o seu namorado mais criativo?<br />
O homem sorria confiante. <br />
Estão gostando? – disse a viúva entrando de novo na sala.<br />
Maravilhoso! – Falou Heloísa com um olhar deslumbrado – Você deve ter sido muito feliz aqui…<br />
E como…E como…- suspirou a viúva olhando tudo com um olhar repleto de nostalgia – Bem…Mas vocês gostaram? Vão ficar com ele?<br />
O casal trocou um olhar desconcertado. Mas isso durou pouco tempo. Logo Carlos chamou a responsabilidade da resposta para si e disse:<br />
Vamos ver…Preciso telefonar para o meu gerente..advogados…<br />
Fique à vontade.<br />
Carlos tirou o celular do bolso e fez uma ligação. Mantinha um ar introspectivo, como um homem acostumado a fechar grandes negócios.<br />
Santana? Sou eu, Carlos…Preciso que você resgate para mim 8 milhões…De Euros, evidentemente. Certo…Certo…Espero.<br />
Desligou o telefone e olhou para a viúva sério. <br />
Vai me ligar já já.<br />
A viúva suspirou.<br />
Vou para Paris…Desde que fiquei viúva, só me sinto bem em Paris.<br />
Heloísa estava tão fascinada com os quadros de Protinari que acabou mexendo num deles. De repente, um dos quadros caiu da parede e atingiu em cheio o pé esquerdo de Heloísa. Essa soltou um grito rouco e abafado.<br />
Eu falei para você parar de mexer nos quadros, Heloísa! – disse Carlos meio sem graça – Esse quadro deve valer milhões! Será que quebrou?<br />
A viúva se abaixou e pegou suavemente a pernas de Heloísa. <br />
- Oh! Meu Deus! Está doendo muito? Aderbal! Aderbal! Será que precisamos chamar o médico?<br />
Heloísa tentava segurar a dor, mas as lágrimas corriam insistentes pelo seu belo rosto.<br />
Gelo! Gelo é o melhor remédio! – gritou a viúva- Aberbal, traz gelo.<br />
O mordomo demorou 2 minutos e voltou com o saco de gelo. Carlos e a viúva colocaram Heloísa em cima de uma poltrona da sala de estar. <br />
Putz! Como dói! – disse Heloísa se contorcendo quando o gelo encostou no seu pé.<br />
Tadinha – a viúva estava desconcertada – Tenha calma. Aderbal! Chame o Dr. Alencar.<br />
Pois não, madame.<br />
Carlos continuava com aquele quadro de Portinari nas mãos. Examinava-o com todo cuidado, procurando alguma avaria.<br />
Talvez fosse bom comprar uma atadura. – disse a viúva, examinando o pé de Heloísa com delicadeza.<br />
Carlos colocou o quadro de volta na parede e disse:<br />
Eu compro! Vou descer e comprar! Rapidinho! Um minuto!<br />
Saiu correndo em direção à porta. Chegando na rua, saiu em disparada procurando uma farmácia.<br />
<br />
<br />
Quinta Parte<br />
<br />
Carlos demorou meia hora para voltar ao apartamento. Subiu resmungando.<br />
Droga! Nunca pensei que fosse tão difícil comprar uma atadura em Ipanema! <br />
Entrou no apartamento e deu de cara com Aderbal, o mordomo.<br />
Sinto, senhor…Tenho ordens para não deixar o senhor entrar.<br />
Carlos fez uma cara de espanto, assombro ou coisa que o valha. <br />
Como assim? A minha namorada está aí dentro! Ficou maluco?<br />
De repente, Heloísa e a viúva apareceram na sala. A primeira estava com os olhos marejados, um olhar ausente. A viúva olhava para Carlos quase que com pena. Heloísa aproximou-se e disse.<br />
Carlos eu vou ficar aqui nessa casa…Para sempre. – E deu um sorriso para a viúva. Aderbal mantinha os braços barrando a entrada do homem. Carlos não conseguia dizer nada, chegou a esfregar os olhos para tentar acordar daquele pesadelo repentino e surpreendente.<br />
Mas por que, Heloísa, por quê? – foi tudo que conseguiu dizer.<br />
Por quê? Porque fui tocada com suavidade pela primeira vez. Nunca você me deu o carinho que ela me deu.Cansei das suas aventuras. Aliás, ela já sabe que nós não vamos comprar esse apartamento coisíssima nenhuma. E mesmo assim, pediu pra eu ficar. Vamos juntas para Paris.<br />
Carlos estava vermelho. Não sei dizer se de ódio ou vergonha. Aderbal, mantinha-se impassível, como um mordomo de filme B. <br />
Você só pode estar de sacanagem, não é Heloísa?<br />
Nunca falei tão sério em minha vida. Agora sei o que é o amor, Carlos.<br />
Carlos deu um chute na porta. <br />
Porra! Para com essa merda, Heloísa! Vem comigo!<br />
Não vou! Não vou!! Eu descobri o amor! Vou para Paris!<br />
Mas ela é uma mulher, Heloísa! Uma mulher!<br />
E daí? O que importa?<br />
O homem pensou em dizer algo mas não conseguiu encontrar nenhuma palavra com alcance suficiente para reproduzir com fidelidade toda a sua indignação.<br />
Vou ficar aqui Carlos…Obrigado por tudo.<br />
Mas Heloísa…Eu demorei apenas meia hora para comprar a atadura. Você não pode ter mudado tanto em meia hora!!<br />
Heloísa sorriu, e deu as mãos para a viúva.<br />
Eu também pensava assim…Mas agora sei que não existe tempo certo para o amor acontecer.<br />
Putz, Helô! Isso parece papo de novela mexicana!<br />
Pode rir…Mas o amor quando acontece não dá a mínima para o ridículo.<br />
Carlos passou as duas mãos sobre a cabeça.<br />
Puta merda! Isso não está acontecendo comigo! Aliás, cadê o vestido que eu te dei? Por que você está usando essa roupão?<br />
Aderbal! O vestido.<br />
O mordomo pegou uma sacola plástica que estava por perto e entregou nas mãos de Carlos.<br />
E agora Carlos, adeus. Seja feliz. Tomara que você também encontre alguém que te ame de verdade. – Heloísa falou e saiu de cena de mãos dadas com a viúva.<br />
Mas…- Carlos ia falar mas o mordomo o empurrou para fora do apartamento e fechou a porta. O homem ficou parado com o vestido negro na mão diante da porta fechada.<br />
<br />
Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-47843737113737652472014-08-18T13:01:00.001-07:002014-08-18T13:01:31.660-07:00A arrogância é a burrice com plumas.Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-41514468185638771112014-03-26T12:02:00.001-07:002014-03-27T07:08:43.993-07:00 Quando tiver uma boa ideia, prepare-se pra enfrentar o diabo. Quando tiver uma ideia brilhante, prepare-se para enfrentar o inferno inteiro.Geralmente, são as pessoas que acreditam em Paraíso que fazem desse mundo um inferno.//////////<b>Quanto mais eu conheço as pessoas, menos vontade eu tenho de ser um cachorro.</b>////////// “Teoria da Conspiração” foi uma expressão criada para desmoralizar aqueles que ousam desmascarar as verdadeiras conspirações.////////// <b>Ao contrário do que muita gente pensa, acho que a hora certa de procurar um terapeuta é quando você estiver feliz demais durante muito tempo.////////// </b> Eu quero viver sem precisar odiar a segunda-feira e amar a sexta.////////// <b>Alguns artistas deviam morrer jovens para não dar tempo de estragarem suas biografias.//////////</b> Desconfio muito dessa indignação seletiva. Se você é a favor que só os políticos do partido que você odeia sejam presos, você é um canalha.////////// <b>A burrice é vira-lata.Burrice puro-sangue é uma impossibilidade. É impressionante como ela vem sempre misturada com a arrogância e teimosia.//////////</b> Já disse: meu único problema com a reencarnação é ter que estudar Química de novo.////////// <b>Se Deus for mesmo um grande criador, já tirou há muito tempo a raça humana do seu portfólio.////////// </b> Você não estuda para tirar dúvidas, mas para acabar com as certezas.////////// <b>Sou repetitivo sim. Poucos reconhecem o valor da repetição. Meus caros, a repetição é o caminho inevitável pra se chegar ao orgasmo.////////// </b> A burrice é o único recurso natural inesgotável do planeta.////////// <b>Lance Armstrong conseguiu vencer um câncer com metástase, mas não conseguiu derrotar a vaidade.////////// </b> Quando vou à piscina e ela está com a água verde, só tomo banho de chuveiro. Aprendi na escola que azul com amarelo dá verde.////////// <b>A história da humaninade é cheia de absurdos e horrores. Se levarmos a sério, acabamos ficando normais como todo mundo.////////// </b> Tem gente que não abre mão dos seus valores. Tem gente que não abre a mão pra porra nenhuma.////////// <b>Eu só acredito nos atormentados e nos iluminados. Tenho muito medo dos assalariados felizes.////////// </b> Nova Iorque é uma das cidades que tem mais ratos no mundo. Vai ver que é por isso que 'Cat's" nunca saiu de lá.////////// <b>O politicamente correto é o refúgio dos medíocres.//////////</b> O MBA é o túmulo da criatividade.////////// <b>A sexta-feira tem o poder de transformar pensadores revolucionários em assalariados felizes.//////////</b> Todo amor não realizado é perfeito.////////// S<b>ó acredito em povo escolhido se Deus descer aqui e apontar o dedo.//////////</b> Quase todos que ganham dinheiro tornam-se reacionários por causa do medo de perdê-lo.////////// <b>O fim do mundo é um experiência individual e intransferível.//////////</b> No Brasil, os grandes ladrões perdem os cargos, mas nunca o dinheiro que roubaram./////////// <b>Minha médica disse que eu não preciso beber pra ficar interessante. O problema é que a maioria das pessoas só fica interessante quando eu bebo.//////////</b> A arrogância é a burrice com plumas.////////// <b>A Grécia deu um calote de 160 bilhões de Euros. Viram como eu estava certo? Quem deve muito não precisa pagar.//////////</b> A estupidez virou currículo. E a burrice, oportunidade.////////// <b>Eu não sei se o melhor amigo do homem é o cachorro. Mas o pior inimigo talvez seja a certeza.//////////</b> O domingo só é legal no sábado.////////// <b>Mesmo que exista outra vida é melhor viver essa como se fosse a única.//////////</b> A formiga achar que só existe vida no formigueiro é um erro aceitável. A gente achar que só existe vida na Terra é arrogância ou ignorância.////////// <b>Algumas mulheres só ficariam bonitas se existisse plástica na alma.//////////</b> O preconceito é a burrice com pressa.////////// <b>os ateus, na sua certeza absoluta que Deus não existe, são tão arrogantes quanto os religiosos na sua certeza que Ele existe.////////// </b> Quando um pedido não é atendido, o que os fiéis da Universal do Reino de Deus fazem? Existe um SAC? Ou só mesmo o saque aos fiéis?////////// <b> Só os ateus deviam visitar os cemitérios.//////////</b> Quando tiver uma boa ideia, prepare-se pra enfrentar o diabo. Quando tiver uma ideia brilhante, prepare-se para enfrentar o inferno inteiro////////// Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-85063803463529407502010-11-29T06:50:00.000-08:002010-11-29T06:52:15.935-08:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_XBE3OqJzuck/TPO-FmHV6JI/AAAAAAAAAG0/diX3DzL7DKY/s1600/Convite%2BEDU%25282%2529.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 114px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_XBE3OqJzuck/TPO-FmHV6JI/AAAAAAAAAG0/diX3DzL7DKY/s200/Convite%2BEDU%25282%2529.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5544984569563179154" /></a>Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-51364472094832109522010-08-25T13:21:00.000-07:002010-08-25T13:23:00.294-07:00Mulher: Bóia, âncora ou foguete?Freud, nos seus últimos dias de vida, perguntou quase que patético: “Mulheres, o que elas desejam??”. Morreu sem conseguir responder à pergunta. Outros vieram e tentaram. Sem sucesso. Porém eu, um réles desconhecido escritor tupiniquim cheguei a uma conclusão pretensiosamente definitiva. É claro que não descobri exatamente o que elas desejam, mas sim classificá-las em três tipos distintos para que você não seja surpreendido como o grande Freud. Dividi as mulheres em 3 tipos: a bóia, a âncora e a foguete. Ocasionalmente, podem existir mulheres com duas ou até três dessas características. Algo como foguete-bóia, âncora-bóia etc. Também podem existir, para o nosso desespero, a falsa-foguete, a falsa-bóia e a falsa-âncora. Muito cuidado com a falsa-foguete. É um tipo que você jura que está te levando pra cima, quando, repentinamente, vira em direção ao poço e te leva rapidinho pro fundo, meu caro. Há, em contrapartida, a falsa-âncora. Uma mulher que tem tudo pra te colocar pra baixo, mas te empurra pra cima numa velocidade surpreendente. Esse tipo é raro, mas você deve ficar atento para não fazer julgamentos precipitados e deixar escapar uma mulher dessas. Você deve estar pensando que estou complicando. Calma. Quando o assunto é mulheres é impossível ser exato, não tem como deixar a complexidade de lado. Mas vou tentar ser mais objetivo. A mulher âncora, como o próprio nome diz, é do tipo que afunda. Normalmente muito pesada, esse tipo de mulher te leva para o fundo do mar.. ou pra ser mais claro: para o fundo do poço. Quando falo que é um tipo pesado, não me refiro ao peso física da dita cuja. Existem mulheres magérrimas que são âncoras pesadíssimas. Outras que são consideradas gordinhas que são verdadeiras ferraris voadoras. Muito cuidado nessa hora. Mas o principal é identificar a âncora antes que ela te leve pro fundo. Para isso, sinto muito, mas não há uma fórmula exata. É preciso ficar atendo aos detalhes. Nos detalhes é que a mulher-âncora revela sua essência de chumbo. Normalmente, são mulheres bonitas. Isso é óbvio. Mulher feia não consegue enganar ninguém. Além disso,para reforçar essa tese, merda não afunda. Portanto tudo que posso fazer por você é te avisar: preste atenção nos gestos, na maneira de andar e na sua sogra. Sim, sua mulher nada mais é do que a sua sogra no passado. Ou sua sogra é o futuro da sua mulher. A Influência é muito maior do que você supõe.<br />Já a Mulher-bóia é um tipo aparentemente tranquilo. Aliás, tranquilo demais…Tão tranquilo que provoca um tédio insuportável. Para ficar mais claro, a mulher bóia está para os homens como o homem “bonzinho” está para as mulheres. Não fede nem cheira. É a encarnação do marasmo. Aí está dito tudo. Então vamos passar logo para o próximo tipo. A mulher foguete. Esse tipo infelizmente é difícil de ser identificado e mais ainda de ser encontrado. São mulheres que possuem muita leveza, pois não carregam o peso do egoísmo, da ambição, do apego aos bens materiais, da vaidade. .. São mulheres que nos fazem flutuar e voar alto. Carregam o peso da realidade com um sorriso irresistível e misterioso. Voam porque sabem amar. São perfeitas aos nossos olhos mesmo quando se acham gordas e sem sal. São tão inteligentes que são capazes de ter baixa auto-estima. Embarcar numa relação com uma mulher dessas é a possibilidade de viajar ao infinito. Mas por favor, nada de cair naqueles engodos de cara-metade e alma gêmea, ok? Eu, por exemplo, não sou cara-metade, sou um cara-inteiro.Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-71292815635350307932010-07-25T14:31:00.001-07:002010-07-25T14:32:00.197-07:00Repita ComigoNelson Rodrigues dizia que a repetição é a melhor figura de retórica. O mestre achava que todo sujeito inteligente devia ter “no mínimo 5 idéias fixas”. Mas o nosso maior poeta dramático podia dizer o que quisesse. Quer dizer, pode agora através da sua obra eternizada. No seu tempo não houve ninguém mais polêmico e criticado do que Nelson Rodrigues. Um cara que escreveu milhares de contos geniais repetindo o mesmo assunto: a traição. Suas verdades afiadas não perdoavam o coração de uma sociedade hipócrita. Agora eu, esse pobre escritor de uns poucos leitores, insisto em repetir que a repetição é mesmo a alma do grande artista, cientista, arquiteto ou advogado. Só os idiotas conseguem ser inéditos todos os dias. A burrice sempre nos surpreende com coisas novas. Nada mais original do que a ignorância que se aprimora a cada dia. Enquanto “Romeu e Julieta” já foi encenada mais de um milhão de vezes, as peças medíocres ficam pouquíssimo tempo em cartaz, pois logo precisam ser substituídas por outras mais medíocres ainda. O sucesso é repetitivo, o fracasso não. Zico treinava 200 faltas por dia(o que é o treino senão uma repetição?) e por isso batia faltas como ninguém. Rogério Ceni faz o mesmo hoje em dia. Oscar ficava horas e horas arremessando bolas. A fé também é repetitiva, pois rezamos sempre as mesmas orações para um mesmo Deus. O sol nasce todo dia e os dias têm sempre 24 horas. Sei que isso soa repetitivo, mas paciência. O segredo das piores e das melhores coisas do mundo está na repetição. Madre Teresa de Calcutá repetiu boas ações durante toda a sua vida. Hitler usava a repetição para convencer o povo alemão a acreditar nas suas idéias. Ambos foram eficientes, pois a repetição não faz nenhum juízo de valor. Sempre funciona, pro bem ou pro mal. A propaganda faz o quê? Constrói marcas através de repetições. Sem repetição, não existe propaganda bem sucedida. Por isso quando meus amigos dizem que sou repetitivo, considero isso um elogio e tanto. Quem não gosta de repetir um beijo gostoso? Um sexo bem feito? Um livro ou filme genial? A repetição é muito subestimada por todos. É sempre considerada sinônimo de falta de originalidade, chatice, tédio etc. É sempre confundida com preguiça ou rotulada como “doença comportamental”. Poucos reconhecem, ou têm vergonha de reconhecer, o seu valor insofismável. A repetição, meus caros, é o caminho inevitável pra se chegar ao orgasmo. Por isso, pense bem antes de se intitular um "original". Às vezes até repetir o ano na escola é um bem para o aluno. Einstein que o diga. Portanto, não me envergonho nem um pouco de repetir frases, livros, paixões, pensamentos etc. Estou em ótima e má companhia. Quando um grande escritor repete sempre a mesma fórmula, chamam isso de estilo. Quando um escritor que ainda busca uma luz ao sol tenta fazer isso, chamam de falta de criatividade. Há sempre críticos de plantão (oficiais ou não). Uma vez fiz um teste com um grupo de críticos “não-oficiais”. Mostrei um poema meu e coloquei o nome de Fernando Pessoa embaixo. Ouvi várias vezes o mesmo elogio: “só podia ser dele! Só podia ser dele!”. É claro que depois fiquei rindo sozinho por algumas horas e, confesso, de forma repetitiva e irritante.Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-51955698512495764932010-07-22T13:22:00.000-07:002010-07-22T13:23:38.499-07:00Amor Responsável<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_XBE3OqJzuck/TEiowt4odiI/AAAAAAAAAGk/dUFmb2Bsu3k/s1600/LOUCO-1.png"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 186px; height: 200px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_XBE3OqJzuck/TEiowt4odiI/AAAAAAAAAGk/dUFmb2Bsu3k/s200/LOUCO-1.png" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5496828900110005794" /></a><br />Com responsabilidade não se pode amar de verdade. Amor responsável é algo muito improvável. E não estou falando de sexo sem camisinha, não é nada disso. Estou falando de amor no sentido pleno da palavra. Ou você ama ou é responsável. As duas coisas ao mesmo tempo é uma impossibilidade. Se você acha que ama com responsabilidade, com certeza deve reavaliar bem seu romance. É muito provável que ele esteja sem sal, sem emoção. O amor precisa que sejamos irresponsáveis como a lua do sol para brilhar. Com "tudo certinho" só se constrói tédio. O tédio é o algoz do tesão. Para combatê-lo, só com muita irresponsabilidade. Se você for do tipo que gosta de tudo nos seus devidos lugares, prepare-se para muito sofrimento. Ou então para viver algo tão emocianante quanto uma partida de bocha. Não tem jeito. Com responsabilidade você pode ser uma ótimo profissional mas nunca um bom amante. O bom amante é naturalmente irresponsável. Seu charme está no inesperado. Ele nunca é previsível. Tem sempre uma carta na manga para surpreender a mulher. Se você acha que estou exagerando, repare naqueles casais amigos que saem com você e não trocam um beijo seguer durante toda a noite. Nem mesmo um carinho, um ligeiro carinho. Não. Estão ali juntos , mas se um estivesse no Rio e o outro em Sidney, daria no mesmo. Não se tocam, não se beijam. Parece que estão apenas "cumprindo tabela". Esse tédio dissimulado ou despercebido tem nome: amor responsável. Ninguém faz nada ou tenta fazer algo de novo. Sei lá¿podiam pegar o carro e passar um final de semana em Penedo, por exemplo. Ou mesmo viajar para Paris. É caro? Claro que é. Mas será que seu amor não merece um pouquinho de ousadia? Vai guardar dinheiro para quê? Para gastar quanto estiver com 90 anos? Não dá. Só sendo irresponsável para construir e manter grandes amores. Ou você nunca reparou que os caras muito certinhos são os mais desinteressantes? São os mais traídos, até. Nenhuma mulher merece viver ao lado de um criatura que apodrece em vida. Repare como os chamados "loucos" são os que vivem mais intensamente e são os mais desejados. Viver ao lado deles é não ter a falsa segurança dos lúcidos. É experimentar sempre e não ter medo de errar e ter que tentar de novo. Com responsabilidade, o amor vai continuar sendo assassinado. Todos os dias, em todos os lugares.Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-89231892721538137662010-07-15T08:44:00.000-07:002010-07-15T08:47:19.518-07:00A Bastilha Inexpugnável<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_XBE3OqJzuck/TD8td7A53mI/AAAAAAAAAGE/Kh_43hMW-s4/s1600/calvin+mengo.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 291px; height: 276px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_XBE3OqJzuck/TD8td7A53mI/AAAAAAAAAGE/Kh_43hMW-s4/s320/calvin+mengo.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5494160062496235106" /></a><br /><br />A chuva caía saudosa e implacável na noite fria do Maracanã. Corpos molhados, poucos para grande surpresa, ocupavam uma pequena parte do lado esquerdo das tribunas, vestidos de vermelho e preto, almas angustiadas e corações sangrando. Em campo, a camisa rubro-negra aberta em arco no espaço. A famosa profecia de Nelson Rodrigues finalmente agora é um fato consumado. A bastilha inexpugnável Rubro-negra ergueu-se, sublime e imponente, diante do furor impotente dos alvi-negros. A Jabulani carioca procurava apaixonada e dócil, os pés do camisa 10 da Gávea. Estava carente e queria ser bem tratada pelo menos uma vez nesse ano de Copa ingrata. Aos pés de Pet jogou-se sem medo e foi feliz por uma noite. “Como sonhei com esse momento de eternidade”-pensava em êxtase, ao beijar com paixão as redes do batido goleiro alvi-negro - A noite fria inundou-se de esperanças e forças inexplicáveis. Os amantes com certeza amaram melhor em todos os cantos da cidade. O grito do ex-geraldino humilhado libertou-se da tristeza profunda, explodiu e calou sozinho toda torcida botafoguense. O plebeu voltou a ser rei. A bastilha inexpugnável foi inaugurada, como previu o grande profeta, “quando o Flamengo mais precisar”. E foi ontem, numa noite chuvosa e fria; assim de surpresa. Quando a grandiosa história do clube mais amado do mundo estava desviando-se do seu destino de grandeza infinita. Quando as crianças, assustadas, pensavam em parar de brincar com seus heróis. Foi na fronteira entre a fé e a decepção, que o urubu-rei voou rasante e resgatou o nosso orgulho. Foi nessa quarta-feira, meus amigos, que a camisa rubro-negra mostrou a sua força inexplicável. A função dos 11 que a vestiram com toda alma e coração, foi secundária. Foram coadjuvantes, com muita honra, do manto-sagrado. Porque todos ouviram a voz poderosa do Deus-Zico ecoar pelo seu templo sagrado. Ouviram a ordem e entregaram-se a ela com um furor titânico. Construíram a Bastilha Inexpugnável em apenas uma noite. Mais de 35 milhões de corações bateram felizes, afastando toda vergonha e tristeza. Rubro-negros que já partiram dessa vida sacudiram os céus com trovões e relâmpagos de curto-circuito. O Flamengo ressuscitou exatamente quando os coveiros da arco-íris, afoitos, com a baba elástica e bovina escorrendo pelo canto da boca, já se preparavam para enterrá-lo. Saíram correndo pela noite fria, assombrados pelo Lázaro rubro-negro. Sim, amigos, foi ontem num Maracanã molhado e frio que a Bastilha Inexpugnável foi inaugurada. Adversários, tremei da cabeça até a alma: o Flamengo, quando bastilha, é imbatível.Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-90121512586073823092010-06-21T11:58:00.001-07:002010-06-21T11:58:48.046-07:00A BURRICE INTELIGENTE (parte 2)O pior tipo de burrice é a inteligente. Num primeiro momento você pode achar estranha essa afirmação, mas vou tentar explicar. A burrice dos burros é esperada e resignada. É mansa, serena e, por ser esperada, não causa grandes estragos. Muito pior mesmo é a burrice dos inteligentes. Ah…quanta desgraça, arrogância e estrago ela causa. Às vezes vem uma simples palavra de um dos gênios formadores de opinião e propaga todo um oceano de estupidez. Será que ainda estou escondendo o essencial? Vamos dar nomes aos bois? Melhor não…O pior ódio é o dos inteligentes ressentidos. Principalmente das mulheres inteligentes ressentidas. Elas despejam seu ódio inteligente com a frieza de uma cascavel. Ai do homem que tiver uma mulher dessa como inimiga. Mais uma vez vão dizer que estou implicando com as mulheres. Já me perguntaram até se sou gay. Claro que foi uma mulher inteligente ressentida que fez tal pergunta. Então aproveito esse espaço para declarar que não sou gay. Mas também não tenho porque discriminar aqueles que nasceram assim. Ninguém pensa com a bunda e o que não falta são artistas gays brilhantes. Mas voltemos à burrice dos inteligentes. A burrice de um inteligente sincero é mais devastadora ainda. Vários “menos” inteligentes seguem sem pensar tal burrice convincente. Uma burrice com cabedal é muito menos questionada e por isso mesmo muito mais devastadora. É como um quadro abstrato que ninguém entende nada mais se vê obrigado a gostar para posar de inteligente. Ninguém quer ser taxado de ignorante. Vejam o caso do Miró, por exemplo. Ninguém entende nada daqueles rabiscos desconexos. Mas vai você falar que aquilo não te passa nada? Vai dizer que aquilo é uma porcaria? Sou um analfabeto em artes plásticas. Mas dou minha opinião baseada pela emoção. Arte para mim é emoção. Nelson Rodrigues dizia que não acreditava em nada que não provocasse lágrimas. Tô com ele (mais um vez). Acho que arte sem emoção é rabisco mesmo. Se tem valor para os entendidos, paciência. Eles que façam bom proveito dessas “propostas” que somos obrigados a admirar. Mas vamos falar do essencial: muito cuidado com a burrice inteligente. Ela é sedutora, consistente e convincente. Como o demônio que se veste de cor de rosa para enganar os incautos.Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-81179274581187041792010-06-08T14:28:00.000-07:002010-06-08T14:31:23.238-07:00Idiotas tamanho Big BangAfinal, os idiotas dominaram ou não o mundo? Hoje acordei com uma gigantesca raiva impotente no peito. Com asco de mim mesmo. Desculpe o mau humor, mas a culpa é do conhecimento. No tempo da minha ignorância crassa e inapelável, eu era mais feliz. Olhava o céu azul ou a noite estrelada com a certeza de ser observado lá de cima pelos diretores desse grande drama mundial e que o final sempre seria feliz. Acreditava numa justiça divina imediata. Aí o tempo passou como sempre e comecei a me interessar pela ciência. Primeiro Astronômia e depois Física Quântica e Cosmologia. Descobri que o “grande palco da vida” é menor que um circo de pulgas dentro de um Universo infinito. Meus críticos de plantão vão logo falar da minha inconstância em relação a tudo. Ora, só os idiotas têm o privilégio de nunca oscilar. São sempre lineares, cartezianos e coerentes. Desconfio muito de quem está sempre seguro e confiante. Eu sei que dizem que tenho a cabeça nas nuvens. O que posso fazer se acho o mundo lá de cima muito mais interessante do que o previsível planeta azul? E confesso que agora superei as expectativas. Principalmente quando o telescópio Hubble apontou suas poderosas lentes para o infinito e nos revelou as fronteiras do Universo sem fim. Parece loucura e é. O Hubble mostrou imagens de galáxias que estão a bilhões de anos-luz da Terra. Ou seja, a imagem que nos chega é de bilhões de anos atrás. Estamos olhando para o passado e para o futuro daqui do presente. Essa confusão só não é fascinante para quem não tem curiosidade sobre a vida. Sei que os idiotas dirão: “o que você ganha sabendo disso”? Outros mais espertos dirão “quer comer gente falando sobre isso, né?”Talvez eles tenham mesmo razão. É melhor eu<span style=""> </span>casar e continuar pagando meus impostos. Ser casado e tributável é melhor que ser olhado como o próximo suicida. Os juros astronômicos dos bancos causam menos espanto que os 100 mil anos-luz de comprimento da Via-láctea. Mais uma prova que só os idiotas não percebem a nossa insignificância. Só os idiotas pensam que jamais morrerão. Só mesmo eles para lembrar de Deus apenas na hora de punir os “outros”. A paixão deles por seus umbigos supera astronomicamente a de Narciso. Só os idiotas têm sempre certeza absoluta de tudo. A imensidão do Universo só é percebida no fundo de tela dos seus computadores ou smartphones. Sim, os idiotas são tecnológicos e atuais. Não há idiota desempregado. Os idiotas sempre fazem parte de grupos ou seitas poderosas e influentes. São tutelados pelos superidiotas arrogantes que falam de grandeza e espiritualidade, mas vivem escravos do consumo e de patéticas vaidades. Os idiotas precisam do poder e do dinheiro para fortalecer seus grupos e perpertuar o domínio através dos séculos. Se você não vender a sua a alma para qualquer um desses grupos, vai continuar a ser um “escravo moderno”, uma réles pilha descartável para movimentar a máquina do Sistema. </p> <p class="MsoNormal">PRONTO! Desabafei! Agora, a parte bem humorada de “COMO OS IDIOTAS DOMINARAM O MUNDO” você só verá no meu livro. AGUARDE :-)<span style="font-family: Wingdings;"><span style=""></span></span></p> <!--EndFragment-->Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-31149732293493470582010-01-27T08:29:00.000-08:002010-01-27T08:30:12.723-08:00A Árvore da Esquina<span style="font-family:verdana;">Você se foi caro amigo e o que mudou?<br />Talvez existam mais ou menos folhas naquela árvore da esquina.<br />A brisa dessa manhã parece um pouco mais suave, talvez.<br />Pode ser que o mar esteja mais agitado, mas continua sendo o mar.<br />O sol brilha amarelo e impassível e sublime e voltará amanhã.<br />Alguns pássaros sonolentos passam ao longe, talvez mais do que ontem.<br /><br />Pessoas continuam andando de um lado para o outro na cidade.<br />Sinais abrem e fecham como antes de você partir.<br />Uma nuvem solitária procura o horizonte vermelho e...<br />Na verdade, nada mudou com a sua partida, amigo!<br />A Terra continua girando apesar do seu desembarque inesperado.<br />E a árvore da esquina ali<br /> Indiferente a tudo<br />Despida de saudade.<br />Como se vida e morte fossem assim tão naturais.<br /><br />Amamos, rimos, sonhamos, sofremos, choramos...<br />Mas tudo acaba quando a vida finda<br />Quando nasce a morte.<br /><br />Será caro amigo, que quando eu partir a árvore da esquina continuará assim tão indiferente?</span>Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-38741266815065813472009-11-25T09:28:00.000-08:002014-08-18T13:15:49.623-07:00O PENSADOR INFANTIL ( a Nietzsche)<a name="38225479">Não se desespere com a dor atroz</a><br />
Que nasce do livre pensamento<br />
Quando você vira "eu" e deixa o "nós"<br />
Amigo, é tão doce esse tormento.<br />
<br />
Não pensar é ser feliz, eu sei<br />
É uma matrix da perfeição<br />
"Lugares que sempre sonhei"<br />
Truque genial da globalização.<br />
<br />
Não pare a cabeça, não diga amém<br />
Não venda sua alma a ninguém<br />
Eles querem sorrisos plásticos<br />
Alegria em padronizados frascos.<br />
<br />
Fui camêlo, fui leão encarcerado<br />
Nesse circo de engodos aplaudidos<br />
Sou apenas um menino perdido<br />
Infantil pensador famigerado.<br />
<br />
(Eduardo Mello)Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-57726985284660329632009-11-18T06:01:00.000-08:002009-11-18T06:12:53.069-08:00Passo em Falso<a name="40032534"><span style="font-size:130%;"><span style="color:#006600;">O<span style="font-family:verdana;"> meu amor nasce onde o caos sorri.</span></span></span></a><span style="font-family:verdana;font-size:130%;color:#006600;"><br /><br />Impávido inverno da flor deslumbrante.<br /><br />Nada é como o que te pedi<br /><br />Nada em mim se dá como era antes.<br /><br /><br />Meu amor só te serve nos intervalos das suas desilusões.<br /><br />Bálsamo perecível que fecha as feridas da sua vida.<br /><br />Trágico ladrão de corroídas emoções.<br /><br />Descartável paixão enlouquecida.<br /><br /><br />Meu amor é uma tolice pálida<br /><br />Que você cora com seu toque irresistível.<br /><br />Retumbante fracasso da verdade pura e nua<br /><br />Mordaz desprezo coroado pela ausência sua.<br /><br /><br />Sofro na repetição dos meus dias<br /><br />Nesta sucessão de dores desérticas<br /><br />Neste ocaso diário de sorrisos infinitos<br /><br />Afogados num poço de lágrimas poéticas.<br /><br /><br />Nosso amor é uma sensação perdida<br /><br />Morro a cada segundo que você se distancia<br /><br />Cada lembrança expõe nova ferida<br /><br />Pois te amei enquanto me esquecia.<br /><br />(Eduardo Mello)</span>Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-2668001350652376812009-08-11T14:45:00.001-07:002009-11-18T06:19:48.607-08:00Os Homens amam melhor quando traemQuando ofendemos alguém o normal é fazermos de tudo para obter o perdão do agredido. Do mesmo modo, quando o homem trai ele volta para sua "titular" com culpa e por isso mesmo, cheio de amor pra dar. A diferença entre o infiel e o canalha é justamente a culpa. O canalha não ama ninguém que não seja o cara que ele vê todas as manhãs quando olha pro espelho. É um impotente de sentimentos. Portanto o sentimento de culpa para ele é uma impossibilidade total. Já o "infiel" nada mais é do que um homem respeitando sua natureza. Porém a mulher jamais deve estimular a infidelidade. O homem precisa do "risco" e principalmente do sentimento de culpa. A mulher nunca pode compreender isso. Tem que achar canalhas e infiéis farinha do mesmo saco. O papel da mulher é jamais aceitar a infidelidade. E do homem é negar sempre que seja infiel. A mulher de um infiel é muito mais amada do que a de um homem constante e fiel. O amor de um infiel é mais intenso, pois vem recheado de culpa, medo e um profundo carinho. O amor do infiel tem mais paixão, mais volúpia e muito mais tesão. O fiel exala um amor entediado por séculos de submissão a um modelo ocidental social que contraria a natureza do homem. O infiel é fiel ao amor e não a hipocrisia. O canalha é hipócrita e egoísta. O infiel é uma criança procurando compreender o amor e sua essência. O canalha trai por orgulho. O infiel trai por amor. Sei que é muito difícil para a mulher aceitar isso. Ela foi criada para encontrar "cara-metade", "alma-gêmea" e outros engodos. A mulher foi obrigada a aceitar e defender com unhas e dentes a cultura da fidelidade e cobrar isso do homem. Por isso sofre tanto quando se depara com a realidade infiel da natureza masculina. Vira uma ressentida que se junta a outras ressentidas e ficam repetindo que "os homens são todos iguais". Esse engano terrível tem de ser mudado. A mulher tem sentimentos muito mais nobres que o homem. A mulher é espírito. O Homem é matéria. A mulher admira a inteligência e a cordialidade. O homem admira os homens canalhas. A mulher conta tempo de namoro. O homem conta número de orgasmos. E é na diferença que eles se encontram. O erro é achar que temos que ter comportamentos iguais. O fim de tantos relacionamentos se explica pelo conflito dos desejos amordaçados. É claro que é muito difícil de se aceitar isso. São séculos de hipocrisias e tabus. São séculos e séculos de religiões que propagam um Deus que pune, castiga e joga no inferno. É a "Indústria do Medo e da Culpa" estendendo os seus tentáculos até a nascente do Coração Humano e separando homens e mulheres da sua verdadeira natureza sagrada.Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com108tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-65030701207533842652009-08-11T14:21:00.000-07:002009-08-11T14:25:18.097-07:00FRASES<a name="40025974">“Os homens amam melhor quando traem”.</a><br /><br />“Só os idiotas conseguem ser inéditos todos os dias”.<br /><br />“Como é bom ver a chuva cair sem dar explicação a terra”.<br /><br />“Não pare a cabeça, não diga amém Não venda sua alma a ninguém”.<br /><br />“Poucas coisas podem ser piores do que uma força de vontade frágil”<br /><br />“Não quero uma mulher que lave as minhas cuecas mas também não quero uma mulher que use as minhas cuecas”.<br /><br />“A vida parece ser uma eterna briga entre o que você é e o que os outros desejam que você seja”.<br /><br />“Por que as velhinhas teimam em andar de guarda-chuvas abertos debaixo das marquises em dias de chuva?”<br /><br />“O pior tipo de burrice é a inteligente”.<br /><br />“O meu amor nasce onde o caos sorri”.<br /><br />“Mesmo as feias ficam lindas em Búzios”.<br /><br />“Só eu sei o quanto tento segurar as verdades que minhas mentiras não sustentam”.<br /><br />“O pior ridículo é o que repete sem pensar o ridículo dos outros”.<br /><br />“A certeza da morte é o combustível do amor infinito”.<br /><br />“Coragem é dizer eu te amo sem ter a certeza da reciprocidade”.<br /><br />“Nunca mais é o tempo que eu preciso pra te ver de novo”.Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-2627757087947638052009-03-30T12:43:00.001-07:002009-03-30T12:43:38.972-07:00Humor branco IA mulher se arrumou toda. Olhou pela janela e viu a chuva correr pelo vidro como lágrimas incessantes. Olhou para o seu Rolex e ficou ainda mais agitada. O tempo voava impávido. Passou o batom, soltou os cabelos e saiu. Quando chegou na rua, foi atropelada e morreu na hora. fimEduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-86457328323726250932009-03-30T12:40:00.000-07:002009-03-30T12:42:58.034-07:00Humor Branco IIO cachorro não parava de latir. Todos os dias e todas as noites bastava ouvir qualquer ruído, que o cão latia feito um louco. Tinha pelos negros bonitos e brilhantes. O dono passava escova e secador todos os finais de semana. Um dia um vizinho, muito irritado com os latidos, abriu o portão da casa na calada da noite e jogou um pedaço de carne envenenada pro cachorro. O dog viu a cena e partiu pra cima do vizinho, mordendo-o no pescoço. O homem morreu na hora e o cachorro pouco depois, engasgado com o sangue da carótida do vizinho. O pedaço de carne envenenada apodreceu no meio das flores do jardim. Fim.Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-6190110643556731632009-03-30T12:39:00.000-07:002009-03-30T12:40:19.426-07:00Os engajados<a name="40219745">Há uns 10 anos fui à uma exposição do Miró no CCBB e achei uma porcaria. Sou um “idiota plástico” como dizia Nelson Rodrigues sobre sua ignorância em matéria de artes plásticas. A minha namorada da época, que estava ao meu lado neste fatídico dia, me deletou na mesma data e local. Só não fui linchado em praça pública porque não havia ninguém nas praças públicas. Era domingo e o Centro do Rio, para quem não sabe, é habitado nesse dia apenas por sonolentos mendigos e pelos raivosos engajados. Talvez você esteja se perguntando: “mas quem são os engajados??”. Vou tentar explicar. Os engajados não têm idade definida. O certo é que freqüentam os teatros (principalmente o Teatro Leblon), cinemas cults e/ou estudaram teatro na CAL. Julgam-se de vanguarda; odeiam o Bush; querem o Tibete livre e a liberação da maconha. Olham para os beijos de pessoas do mesmo sexo e bocejam entediados. Enfim, são liberais em tudo. Mas vai você falar mal de algum dos intocáveis deuses dessa tribo. Sim, eles são politeístas. Têm seus deuses intocáveis como Miró, Glauber Rocha, Guevara etc. etc. Mas o que vocês não sabem (ou talvez saibam...) é que essa tribo possui vários defensores entre os intelectuais da nossa elite artística. Juntos, são como uma grande seita que forma a opinião da grande maioria. Há poucas semanas atrás, quando o “casseta” Madureira disse que achava Glauber Rocha uma merda, a tribo e a elite gritaram mais que as fãs do Wando quando atiram calcinhas no obsceno cantor. Queriam crucificar o “casseta” como os fundamentalistas do islã com aquele cartunista holandês que ousou fazer piada com Maomé. Até o Arnaldo Jabor, coleguinha do Glauber da época do chatíssimo e mal produzido Cinema Novo, deu um ataque em grande estilo literário. Se o Glauber é gênio para muitos, pode ser sim uma besta para alguns. Por que não? Se essa “elite intelectual” acha Guevara mais importante que Cristo, por que um cidadão do mundo das artes não pode achar Glauber uma merda? Eu acho tudo muito chato. Todos muitos chatos também. Eu tenho os meus ídolos. Admiro muito Nelson Rodrigues, Nietzsche, Fernando Pessoa, entre outros. Mas se alguém achar qualquer um deles uma merda, tudo bem. Pelo menos o cara se interessou em conhecer as obras dos caras pra achar uma merda. Mas o que eu queria dizer, e demorei tantas linhas para conseguir, é que tenho uma péssima lembrança do Glauber por outro motivo. Certa vez fui fazer um curso de roteiro para documentário com uma das ex-mulheres do grande cineasta no Parque Laje. Cheguei na hora certinha da primeira aula e me sentei junto com os outros cinco alunos. Na introdução da aula, a distinta viúva pediu que cada um citasse seu documentário preferido. Quando chegou a minha vez, citei dois: A Janela da Alma e Edifício Master. Para meu espanto, a viúva do gênio deu um berro e clamou: “não! Não e não! Edifício Master não! É um horror! Eduardo Coutinho explora a miséria humana para ganhar dinheiro”. Foi mais ou menos isso que ouvi da ex-mulher-viúva do Glauber, acrescido do olhar de reprovação dos meus colegas de sala, que depois fui descobrir que eram os mesmos das outras duas edições do curso. Gostavam tanto que acabavam voltando. É lógico que me senti “excluído” e nunca mais voltei. Morri em 150 pratas! Maldita hora em que fui dizer que tinha gostado de “Edifício Máster”. Mas aqui, nesse blog desconhecido, longe dos olhares da nossa elite intelectual e dos "engajados", posso escrever em alto e bom som (sic): Glauber é uma merdaaaaaaaaaa! </a>Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-43156104942579246762009-03-30T12:38:00.002-07:002009-03-30T12:39:29.115-07:00Amor por um Fio<a name="40071895">A mulher estava no terraço do edifício. Seu vestido de noiva estava rasgado e sujo. Seu rosto brilhava na noite estrelada com a maquiagem borrada pelas lágrimas e pelo suor. Era muito bonita na plenitude dos seus 27 anos. Agora estava ali, no terraço do edifício, semblante distorcido e os seios subindo e descendo com a respiração forte e ansiosa. Lá embaixo via o noivo, também suado e olhando para cima com a vergonha e o desespero saltando pelos olhos. Outros convidados do casamento iam chegando e se aglomerando na calçada em frente ao prédio. - Susana!!!! - Gritou o noivo suplicante - Por quê? Por quê? A moça chegou até a beira do terraço, subiu no murinho e ficou ali, se equilibrando. O edifício tinha apenas 4 andares, porém cair dali com certeza poderia ser pior do que cair das nuvens. - Por quê?? Não sei Marcelo! Só sei que não posso me casar! Não posso! Marcelo chutou o meio fio indignado - E só agora me diz isso? Você teve 6 anos para pensar! Merda! Isso não está acontecendo! Marcelo andava de um lado para o outro raivoso, incrédulo...Os convidados ficaram cochichando no lado oposto da rua. O pai de Susana, quando viu a cena, caiu com as mãos no peito e foi levado para o hospital. Sua mãe chorava com um lencinho estampado sobre o rosto, amparada pelo filho caçula. - Exijo uma explicação! De repente, vem uma voz do prédio da frente. - Susana, não faça nenhuma besteira!! Susana olhou para o homem que surgiu na sacada do prédio da frente. - Quem é você??? - Sou o Maurício!! O cara que você conheceu na Internet!! A mulher arregalou os olhos. - Maurício!!! Eu...Não vou casar! Por sua causa! O noivo lá embaixo ouvia tudo perplexo. Deu um chute no carro estacionado em frente ao prédio da sua noiva. - O quê?? Que porra é essa? Você vai me trocar por um nerd da Internet? Susana olhou para baixo. - Nerd? Ele é um gato! Pelo menos pela foto... Disse, tentando ver melhor o homem no outro prédio. - Eu te amo, Susana!! Desde a primeira vez que vi você na Internet... - Viu como? - falou o noivo totalmente indignado e incrédulo - Você mandou foto sua para esse sujeito, Susana? - Mandei! Aquela que tiramos em Abrolhos. - Maldição!! Aquela de biquíni branco? - Exatamente! - Merda! Só pode ser sacanagem! Quer me dizer que nunca viu esse cara ao vivo antes??? - Não é bem assim...Ele me mandou uma foto! - Foto? E daí? E se for a foto de outro? Susana olhou fixamente para o prédio da frente. Tudo que via era a silhueta de um homem. - Era você mesmo na foto, né Maurício? - Claro! Você acha que eu mandaria uma de outro cara? Fez-se um infinito segundo de silêncio. O noivo continuava andando de um lado para outro em desespero. Maurício equilibrava-se na beirinha da cobertura do edifício. Cerca de 10 metros separavam um prédio do outro. Susana continuava em cima do murinho do outro, com uma aparente intenção de se jogar. - Susana! Deixa dessa loucura e vamos para a igreja! Nunca se abandona um marido no altar! Susana ficou em silêncio. Seu rosto retratava fielmente a dúvida. - Não vá, Susana! Lembre-se das madrugadas que ficamos conversando na Internet! Dos poemas que fiz para você! - O quê? Você recebia poemas deste sujeito?? Aposto que é tudo copiado de outros autores! É fácil te enganar, Susana...Você nunca leu nada! - Mentira!! Eu leio revistas e jornais! O noivo balançou a cabeça em sinal de desalento. - É verdade...Revistas de fofocas e colunas sociais de jornais sensacionalistas. - Mentira! Maurício! Não acredite nele! - Claro que não, meu amor! Você é mais que um amor virtual! É uma realidade!! Susana nada disse. Tentava ver melhor o homem que gritava do prédio em frente. De vez em quando olhava para baixo e via seu noivo andando de um lado para o outro. Os convidados acompanhavam a tudo com semblantes distorcidos e almas vibrantes. - Susana! Chega desta porra! Eu vou subir!! - Se você entrar neste prédio eu pulo! O noivo interrompeu o movimento bruscamente. Passou as mãos sobre a cabeça. Parecia não acreditar no que acontecia. - Isso não pode ser real!!! - gritou passando as mãos sobre o rosto. O homem do prédio da frente falou com desdém: - E não é mesmo! É um amor virtual! Você não sabe o que é passar horas diante de uma tela se dedicando apenas a uma pessoa. O mundo é só você e ela. Não existe perigo! Tudo pode ser dito com uma sinceridade rodrigueana. - Cala a boca, nerd! Deixa eu falar com a minha noiva! - Pára de chamar ele de nerd!! O Maurício é um cara muito culto! O noivo sorriu com toda ironia possível. - É mesmo? Já soube de muita gente que entra nestes chats da Internet com vários livros na mão. Tudo cópia! A Internet é um teatro de atores ocultos. Susana ficou pensativa. - Você não copiou nada não , né Maurício? - Que isso, meu amor?! Eu estudei em Paris; Falo 4 línguas; fui campeão de natação em Los Angeles; malho muito... - Queria te ver mais de perto Maurício. O noivo chutou de novo o carro. - Você acredita nessa merda toda? A Internet é uma ilusão meu amor! Eu sou a realidade! - Pois é...Eu não sei se quero viver essa sua realidade de bebida, mentiras, mau humor, traição...Ou você acha que eu esqueci da sua secretária? O noivo empalideceu, mas logo se recuperou. - Aquilo foi um deslize, amor...Você disse que tinha me perdoado, não disse? - Disse! - Então? - Então não sei...Perdoei, mas continuo desconfiando. Não nasceu ainda um homem fiel. - Eu sou fiel! Só entrava na Internet para falar com você! Nunca te traí conversando com outra mulher.- Gritou Maurício. - Porra, Susana! Deixa esse cara pra lá e vamos para a igreja! Ou você vai casar dentro de um computador? - Suas ironias não podem impedir o nosso amor! Susana me ama! Ela escreveu isso várias vezes enquanto conversávamos no chat. - Cala a boca, seu nerd miserável! Desce aqui se você for homem! - Não vou brigar com você! Aposto que é um maldito Hacker! - Hacker? Acha que eu perco tempo entrando em bate-bapo de Internet? Tenho mais o que fazer! - É...encher a cara e trair sua mulher, por exemplo... - Isso não vai mais acontecer! Eu te juro Susana! Susana escutava a tudo com a dúvida saltando pelas suas feições inseguras. As lágrimas caíam suicidas pelo seu rosto e se estatelavam na calçada fria da rua. - Maurício! Daqui não dá pra te ver direito! Maurício olhou em volta e encontrou uma solução. Havia um fio relativamente grosso que ligava um prédio ao outro. - O fio! Vou até aí pelo fio! - Oh! Você arriscaria a vida por mim? Viu? - disse olhando para baixo- Você é meu noivo há 6 anos e nunca fez isso... - Deixa de ser patética, Susana! Esse cara quer fazer é charme! Ele não vai ter coragem! Não vai ter! Não tem computador que dê jeito nisso! Maurício olhou para o fio pensativo. Realmente era um risco atravessá-lo. Mas não podia voltar atrás. - Eu vou, Susana! Juro que vou! - Então vem, meu amor! Vem! - Essa eu quero ver! Esse cara vai se esborrachar aqui em baixo! Eu é que não vou socorrê-lo... - Viu como você é insensível? É por isso que eu não quero mais casar! - Insensível? E você é o quê? Me deixar esperando na igreja! Isso é uma sacanagem! Nunca mais poderei olhar para a cara dos meus amigos! - disse olhando para os convidados- Todo mundo vai dizer: " Lá vai o otário que foi abandonado no altar" e as mulheres vão dizer: "Tadinho, tão bonzinho". Eu não quero ser bonzinho, entendeu? Seria a minha ruína! Todo corno é bonzinho! - Tá vendo? Só pensa nesse seu orgulho de macho! Nunca se preocupou com o que eu estava sentindo! - A culpa é sua! Você ficava horas e horas na frente do computador! Merda! Maldito Bill Gates! - Eu preciso dele para fazer pesquisas... - É...Agora sei que tipo de pesquisa fazia... Traidora! - Olha quem fala! A secretária... - Merda! - Susana! - interrompeu Maurício - Eu vou até aí! Deixa esse insensível pra lá! Os convidados já estavam acomodados encostados em carros; sentados no meio-fio...Ninguém falava nada. O máximo que se escutava eram murmúrios baixinhos e indecifráveis. Um vendedor de biscoitos tentava lucrar alguma coisa vendendo para os convidados. Susana olhou para o outro prédio e viu a silhueta de Maurício. Sua curiosidade feminina estava a ponto de explodir. - Vem logo Maurício! Você consegue! Maurício começou a travessia. Segurou o cabo com as duas mãos e foi indo devagarinho. Todos os convidados prenderam a respiração. O noivo olhou atentamente para o internauta e começou a rir escandalosamente. - O cabo vai partir!! Ele é uma bola de gordo!! Hahahahaha!!!! Susana empalideceu. - Não é gordo nada! Não é , Maurício? - Puf! Puf! - foi tudo que este conseguiu dizer. - Susana, tem certeza que este cara te mandou uma foto? Você já teve melhor gosto, querida....hahahahahaha - Cala a boca! Ele vai conseguir... Maurício estava já no meio do trajeto. - Espere! - Susana estava pálida- Maurício, não me disse que era loiro? Na foto você está loiro! - Puf! Puf! São...as luzes...Puf!...Enganosas da ...Puf!...Noite! - Viu? - falou um noivo triunfante - Aposto que a foto não era dele! _ Puf! Puf! Estou chegando... Susana forçou a vista embaçada pelas lágrimas e ficou mais branca que o seu vestido. -Maurício! Você estava com o corpo definido na foto! Agora estou te achando tão...Tão volumoso... - Puf! Puf! É a roupa...Puf! Puf!...Meu amor! -Hummm.... -Hahahahahahah!!! O cara é uma bola! Viu Susana? Desce logo e vamos para a igreja! Pára de palhaçada! - Não ! Não vou! - Susana falou ainda mais insegura, com os olhos fixos em Maurício. - Maurício! Você estava mais alto na fotografia... -Puf! Puf! Estava...Puf! Puf!...De salto...Alto... - O quê?????? Maurício estava quase chegando. Susana olhou com bastante atenção e quase caiu. - Não acredito! Não pode ser! Não ! Não! Você é uma mulher!! Acho... - Hein??? - surpreendeu-se o noivo lá de baixo - Que porra é essa? - Puf! Puf! E...o que tem...Puf! Puf! Demais? Puf! Puf! O amor é...Puf!... Amplo, independe....puf! Puf! De sexo! - Nãoooooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!! Susana berrou e balançou o fio com força. Maurício despencou com um gemido e estatelou-se na calçada. Todos correram para vê-lo de perto. Era mesmo uma mulher. Agonizava no chão. O noivo aproximou-se perplexo. Olhou para ele e logo voltou seu olhar para Susana, enquanto os outros socorriam a vítima. - Calma, meu amor!!! Eu te perdôo! Eu te amo! Eu vou até aí! Susana nada disse. Parecia em estado de choque. Parada, ali na beira do murinho, quase pulando. - Chamem uma ambulância! - gritou alguém Vários celulares entraram em ação ao mesmo tempo. Quando o noivo chegou ao murinho, suas feições se transformaram. Susana estava agora no fio, passando para o outro prédio. - Susana! Volte aqui! A noiva não lhe deu ouvidos. Continuou com as mãos agarradas no fio movimentando-se para o outro prédio. Marcelo não esperou um segundo. Pendurou-se no fio e foi rapidamente até a sua noiva. Alcançou-a no meio do caminho. - Susana! Cuidado! Estou aqui para te ajudar, meu amor! Susana tomou um susto. Tentou olhar para trás. - Me deixe, Marcelo! Eu não mereço o seu amor! Vá amar a sua secretária! - Esqueça isso agora. Temos que sair daqui. Além disso... Não conseguiu terminar a frase. O fio partiu-se e os dois caíram abraçados no chão. - Meu Deus! Gritou um convidado levando as mãos ao rosto. Porém eles deram mais sorte que Maurício, pois caíram em pé. Sorte relativa. Marcelo sofreu fratura exposta numa das pernas e Susana nos dois braços. Logo chegaram 4 ambulâncias. Uma levou Maurício, que estava muito mal. Uma outra, bastante luxuosa e equipada, tinha espaço para dois e colocaram os noivos nela. Ambos gemiam de dor. Quando estavam lá dentro deitados nas macas, Marcelo conseguiu olhar para o lado, preocupado com Susana. - Não se preocupe amigo - disse um Médico - Ela ficará bem. Dispomos de computadores de última geração aqui e no hospital. Ela só não poderá usar as mãos por um bom tempo... - Ótimo! - Como ótimo??? - Ela não vai poder digitar num computador? O Médico franziu o senho. - Não…por um bom tempo! Por quê? - Por nada! Hahahahaha!!! Por nada!!! Hahahaha - Não está sentindo dor, senhor? – perguntou o médico - Estou! Tá doendo pra cacete!! Hahahahahahahah..... </a>Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-66906259415646179012009-03-30T12:38:00.001-07:002010-07-22T13:26:01.217-07:00Repita Comigo<span style="font-weight:bold;"><a name="39990715">Nelson Rodrigues dizia que a repetição é a melhor figura de linguagem. O mestre achava que todo sujeito inteligente devia ter “no mínimo 5 idéias fixas”. Mas o nosso maior poeta dramático podia dizer o que quiser. Quer dizer, pode agora através da sua obra eternizada. No seu tempo não houve ninguém mais polêmico e criticado do que Nelson Rodrigues. Um cara que escreveu milhares de contos geniais repetindo o mesmo assunto: a traição. Suas verdades afiadas não perdoavam o coração de uma sociedade hipócrita. Agora eu, esse pobre escritor de uns poucos leitores, insisto em repetir que a repetição é mesmo a alma do grande artista, cientista, arquiteto ou advogado. Só os idiotas conseguem ser inéditos todos os dias. A burrice sempre nos surpreende com coisas novas. Nada mais original do que a ignorância que se aprimora a cada dia. Enquanto “Romeu e Julieta” já foi encenada mais de um milhão de vezes, as peças medíocres ficam pouquíssimo tempo em cartaz, pois logo precisam ser substituídas por outras mais medíocres ainda. O sucesso é repetitivo, o fracasso não. Zico treinava 200 faltas por dia(o que é o treino senão uma repetição?) e por isso batia faltas como ninguém. Rogério Ceni faz o mesmo hoje em dia. Oscar ficava horas e horas arremessando bolas. A fé também é repetitiva, pois rezamos sempre as mesmas orações para um mesmo Deus. O sol nasce todo dia e os dias têm sempre 24 horas. Sei que isso soa repetitivo, mas paciência. O segredo das piores e das melhores coisas do mundo está na repetição. Madre Teresa de Calcutá repetiu boas ações durante toda a sua vida. Hitler usava a repetição para convencer o povo alemão a acreditar nas suas idéias. Ambos foram eficientes, pois a repetição não faz nenhum juízo de valor. Sempre funciona, pro bem ou pro mal. A propaganda faz o que? Constrói marcas através de repetições. Sem repetição, não existe propaganda bem sucedida. Por isso quando meus amigos dizem que sou repetitivo, considero isso um elogio e tanto. Quem não gosta de repetir um beijo gostoso? Um sexo bem feito? Um livro ou filme genial? A repetição é muito subestimada por todos. É sempre considerada sinônimo de falta de originalidade, chatice, tédio etc. É sempre confundida com preguiça ou rotulada como “doença comportamental”. Poucos reconhecem, ou têm vergonha de reconhecer, o seu valor insofismável. A repetição, meus caros, é o caminho inevitável pra se chegar ao orgasmo. Por isso, pense bem antes de se intitular um "original". Às vezes até repetir o ano na escola é um bem para o aluno. Einstein que o diga. Portanto, não me envergonho nem um pouco de repetir frases, livros, paixões, pensamentos etc. Estou em ótima e má companhia. Quando um grande escritor repete sempre a mesma fórmula, chamam isso de estilo. Quando um escritor que ainda busca uma luz ao sol tenta fazer isso, chamam de falta de criatividade. Há sempre críticos de plantão (oficiais ou não). Uma vez fiz um teste com um grupo de críticos “não-oficiais”. Mostrei um poema meu e coloquei o nome de Fernando Pessoa embaixo. Ouvi várias vezes o mesmo elogio: “só podia ser dele! Só podia ser dele!”. É claro que depois fiquei rindo sozinho por algumas horas e, confesso, de forma repetitiva e irritante. </a></span>Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8759914126267921919.post-26229754909602240042009-03-30T12:36:00.000-07:002009-03-30T12:37:24.010-07:00O que é seu tá guardado<a name="37406002">Josimar estava aos prantos sentado numa cadeira naquele boteco da Lapa. Tudo por causa de Helena. Não a de Tróia, mas a de Cascadura. A moça acabava de lhe dar um "Pé" após 7 anos de namoro, fora o noivado. Agora estava arrasado e seu amigo Mariovaldo, o popular Valdinho, tentava consolá-lo. - Fui traído, Valdinho, traído! O amigo tentou sorrir. - E daí? Até Cristo foi traído, meu velho. - Mas como vou passar lá no bairro sem que riam de mim? Todo mundo sabe!Sou um corno! - Calma aí, meu velho! Esse negócio de ser corno já tá ultrapassado. - Sério? - Claro! Ser corno é até cool. O negócio hoje em dia é aparecer. - Fala sério! Eu quero é sumir! - Calma, Josi! Deixa comigo! - Ajudar como? Você conhece algum cirurgião plástico que cobre pouco? Eu posso mudar de rosto e. - Nada disso! Você vai ficar famoso! Vai sair na "Caras-de-pau" e tudo! - É? Como o "corno do ano", né? Tô fora! - Esqueça esse orgulho de macho latino! Pense nas vantagens... - Quais são as vantagens de ser corno, Valdinho? Tá de sacanagem? - Muitas vantagens! Muitas! Pensa, ô mané! Você vai ficar famoso e rico! O brasileiro adora a vítima. Todo aquele que faz papel de vítima no Brasil ganha a simpatia imediata da população. - Tá maluco, Valdinho? Quer que eu seja corno e ainda me faça de coitado? Vou te quebrar a cara! - Deixa de ser burro, Josimar! Pensa! Olha esses programas de TV! Todo aquele que faz papel de vítima ganha a simpatia do povo. O negócio e ser traído! O povo ama os traídos que se fazem de coitadinhos! - Tá...e você acha que eu sendo um corno rico e famoso vou trazer a Helena de volta? - Lógico! Não só a Helena mas todas aquelas loiras gostosas que aparecem na TV e saem nas revistas! Pensa, meu velho, pensa! O povo ama sentir pena da dor alheia! - Não sei, Valdinho...Famoso e rico tudo bem...Mas corno? Porra! - Você quer o quê? Ficar rico e famoso sem dar nada em troca? - Quero! Esse cara que ganhou 1 milhão no programa? Por acaso ele escreveu "Romeu e Julieta" ou "Crime e Castigo"? - Eu sei, meu velho, mas você acha que você inteligente e criativo do jeito que é vai ser escolhido para ir num programa desses? Te enxerga, cara! Com esse teu QI alto e esse talento você está perdido! - Droga! Que mal eu fiz pra merecer tantos dons, meu Deus? - Calma! Há piores! Há piores! Ou você pensa que os escritores, poetas, cineastas, cronistas têm alguma chance? São os excluídos! Gente que insiste em pensar e criar! Jamais terão uma chance na mídia. Sinto uma pena enorme desses coitados genias. Leonardo da Vinci, se vivo fosse, estaria naquela fila gigante da prova para Gari. - Putz! E se descobrirem que eu fiz aquele curso de filosofia?? - Calma! Ninguém precisa saber! A gente diz que você é apenas um traído. Um cara que nasceu pobre e nunca teve nenhuma chance na vida. A burrice vende! A burrice vende! - Hummm...Será que esse negócio de ser corno ainda vende? Acho que já caiu no lugar-comum. - Aí é que está! Você precisa parecer o "corno-burro". Assim toda a massa gigantesca de idiotas será solidária. - Talvez...Mas eles não assumem que são cornos! Não sei não... - Não sabe o quê? O que você quer mais além de fama, dinheiro e mulheres? - A Helena. Eu amo a Helena! - Calma. A Helena vai vir correndo pro seus braços. Lembre-se: o que é seu tá guardado! </a>Eduardo Mello Guimarãeshttp://www.blogger.com/profile/12309940827984740880noreply@blogger.com1