quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O PENSADOR INFANTIL ( a Nietzsche)

Não se desespere com a dor atroz
Que nasce do livre pensamento
Quando você vira "eu" e deixa o "nós"
Amigo, é tão doce esse tormento.

Não pensar é ser feliz, eu sei
É uma matrix da perfeição
"Lugares que sempre sonhei"
Truque genial da globalização.

Não pare a cabeça, não diga amém
Não venda sua alma a ninguém
Eles querem sorrisos plásticos
Alegria em padronizados frascos.

Fui camêlo, fui leão encarcerado
Nesse circo de engodos aplaudidos
Sou apenas um menino perdido
Infantil pensador famigerado.

(Eduardo Mello)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Passo em Falso

O meu amor nasce onde o caos sorri.

Impávido inverno da flor deslumbrante.

Nada é como o que te pedi

Nada em mim se dá como era antes.


Meu amor só te serve nos intervalos das suas desilusões.

Bálsamo perecível que fecha as feridas da sua vida.

Trágico ladrão de corroídas emoções.

Descartável paixão enlouquecida.


Meu amor é uma tolice pálida

Que você cora com seu toque irresistível.

Retumbante fracasso da verdade pura e nua

Mordaz desprezo coroado pela ausência sua.


Sofro na repetição dos meus dias

Nesta sucessão de dores desérticas

Neste ocaso diário de sorrisos infinitos

Afogados num poço de lágrimas poéticas.


Nosso amor é uma sensação perdida

Morro a cada segundo que você se distancia

Cada lembrança expõe nova ferida

Pois te amei enquanto me esquecia.

(Eduardo Mello)